Os estudantes da Universidade de Brasília (UnB), do campus Gama, desenvolveram um protótipo de bengala com mecanismos digitais, acoplados em aplicativo, com o objetivo de ampliar a acessibilidade e autonomia das pessoas com deficiência visual.
O professor Alex Reis, de Engenharia Elétrica, explica ao Correio da Manhã que o produto é resultado da disciplina de “Projeto Integrador de Engenharias 2”, em que os alunos, de todos os cursos de engenharias, propõem projetos a serem desenvolvidos durante o semestre de forma cooperativa.
“Essa equipe multidisciplinar tem potencial enorme para desenvolver ações com potencial inovador, pois o grupo de alunos é instigado a assumir o desenvolvimento de um produto de forma crítica com base em critérios científicos”, diz ele.
Durante o processo, os alunos entrevistaram pessoas com deficiência visual para compreenderam suas necessidades, de forma a que pudessem buscar soluções. Assim, construíram um equipamento, chamado de “bengala inteligente”, com integração de sensores capazes de identificar obstáculos ao redor da ferramenta. Quando reconhecido, o dispositivo transmite um alerta vibratório para a pulseira agregada ao equipamento, que vibra no sentido da barreira.
“Fomos construindo ideias em cima daquilo que ouvíamos sobre as vivências dessas pessoas. Nos guiamos pelas dores mais latentes.” conta a estudante Sara Campos, do curso de Engenharia de Software.
Ao Correio, Sara conta que o protótipo pode ser melhorado e que vão buscar investimento. O equipamento não teve apoio financeiro e resultou da doação de R$ 20 de cada aluno.
Aplicativo
Além disso, os universitários desenvolveram o aplicativo “Meu Norte”, que emite o alerta da bengala por áudio e registra a geolocalização da região de risco. A estudante frisa que a possibilidade de reportar é também aberta para outras pessoas, como uma forma de unir as pessoas que precisam do auxílio.
“Esse reporte é para unir a comunidade com deficiência visual. Se você não tem deficiência, mas viu o obstáculo, pode registrar no aplicativo. Quando a pessoa se aproximar, ela é avisada e pode evitar acidentes”.
Outra funcionalidade é a disponibilidade de um mapa para guiar o usuário, em que a pessoa descreve o destino de sua rota e é guiada por fala durante todo o trajeto.
“Se a pessoa sai da rota, também é emitido alerta. Às vezes, em espaços muito abertos, a pessoa com deficiência visual pode se perder”.
Segundo a aluna, o produto é um projeto inovador e não existe outro igual no mercado brasileiro.