Em celebração ao Dia dos Povos Indígenas, o Memorial dos Povos Indígenas (MPI), que fica no centro de Brasília, recebeu a exposição "Território da Diversidade". Com curadoria assinada por lideranças indígenas, a mostra apresenta, até o fim do ano, um acervo que reafirma a resistência, a riqueza cultural e os saberes ancestrais de etnias como os Krahô, Mebengokre, Fulni-ô, Mehinako, Waurá, Kamaiurá, Yawalapiti, Mbya Guarani, Xavante e Kariri-Xocó.
Ao percorrer o espaço, o visitante é convidado a perceber a presença indígena para além do passado, compreendendo-a como parte fundamental da construção do presente e do futuro do Brasil. Entre cores, formas, sons e narrativas, a exposição celebra a diversidade linguística, os saberes e fazeres que enriquecem nossa identidade coletiva.
Para Davi Terena, gerente do MPI indígena da Etnia Terena do Mato Grosso do Sul, o principal objetivo da exposição é informar sobre a diversidade dos povos.
“A exposição é para informar sobre a cultura e história, mostrando a realidade dos indígenas. Oferece à opinião pública uma verdade e uma referência para formarem suas conclusões. Onde o passado presente é um recurso para a melhor compreensão do momento atual, e mostrando uma grande quantidade de conjunto de bens que integram o patrimônio brasileiro e mundial”, explica ao Correio da Manhã.
Cobra Otohuegü
Na parede do museu, uma enorme cobra pintada por Pigma Kamayura, ocupa grande parte da fachada da exposição. Em entrevista ao Correio da manhã, o artista da etnia Kamayura do Alto do Xingu do Mato Grosso conta que a sua inspiração vem da história da cobra Otohuegü.
"Meu irmão me contava essa história. Ela trata dos dois irmãos, o Sol e o Lua, que estavam visitando o avô, e nessa aventura apareceu uma cobra na forma de fogo, que a gente chama de Otohuegü. Esse animal é o inimigo do Sol e da Lua. Nessa caminhada, o irmão Lua morreu. Diziam que o homem não tem muita força. Aí, depois o irmão dele procurou os ossos dele e o reconstruiu. Essa foi minha inspiração baseada na mitologia do Alto do Xingu”.
Para Pigma, a importância dessa exposição é trazer visibilidade e diálogo sobre os povos indígenas para outras pessoas conhecerem suas características.
“Acredito que não só no mês de abril devemos ter mais exposições do tipo”, defende. “Mas sempre precisa ter outros pontos de culturas trazer essa inclusão”, continua.