O olhar de Orlando Brito sobre o Xingu
Imagens compõem a primeira exposição póstuma do fotógrafo morto em 2022

Entre os dias 12 de abril e 5 de junho, o JK Espaço Arte, localizado na região administrativa de Taguatinga, no Distrito Federal, receberá a exposição “Réquiem”, do falecido artista e fotojornalista Orlando Brito (1950-2022). A entrada é gratuita.
A mostra reúne 25 fotografias que retratam o ritual Quarup, realizado por povos indígenas. A cerimônia ancestral homenageia os mortos e é repleta de simbolismos, música, dança e ritos de passagem.
Em entrevista ao Correio da Manhã, a curadora do evento e filha do artista, Carol Brito, conta que o interesse do pai pelo ritual é antigo.
“Ele sempre achou o Alto Xingu um lugar incrível para fotografias. A cultura, as cores, a vida em si, a plasticidade das cenas do dia a dia daquele povo sempre chamou sua atenção. Chegou a ir em vários Quarups, e o último foi a convite do Cacique Aritana. Viver aquela cultura sempre o deixava hipnotizado”, compartilha.
“A palavra Réquiem significa descanso. Em uma atmosfera de reverência e memória, os nativos daquela região realizam o ritual com grande devoção. As fotografias transmitem bem a essência e intensidade dessas celebrações”, continua.
Fotojornalismo
Orlando Brito é um dos maiores fotógrafos da história. A filha relata que o pai começou a fotografar com 14 anos, e sua trajetória foi marcada pela fotojornalismo político. A primeira imagem que capturou foi do então presidente da República, Castello Branco, em 1964. Foi quando, segundo Carol, ele percebeu sua vocação. Fotografou, enquantoo vivo, 13 presidentes brasileiros.
“Não quis mais fazer outra coisa. Ainda bem! Sua forma de analisar as cenas, de interpretar os momentos importantes com os quais se deparava e imortalizá-los em imagens, o tornou único. Virou tão conhecedor de tudo que acontecia na seara do Poder, que quase que podia antever o futuro. Sua atenção a cada detalhe era tamanha e sua capacidade analítica o transformaram não só num mero "tirador de retratos", como ele dizia”, destaca.
Brito documentou momentos históricos como o fechamento do Congresso Nacional, o movimento Diretas Já, impeachments e grandes manifestações populares. A sua sensibilidade o levou além do universo político.
Durante sua trajetória, ele também construiu um acervo profundo sobre os povos indígenas, tornando-se um dos grandes documentaristas da cultura dos povos originários no Brasil.
Em nota, o JK Espaço Arte destaca que a Mostra marca o início de um novo capítulo pelo espaço em que, a partir deste momento, pretendem investir em uma referência no cenário cultural do DF.