Por: Mayariane Castro

Do Rio a Brasília, a história do Choro

A história do gênero na nova capital do Choro | Foto: Divulgação/CCBB

Quando Valdir Azevedo, o genial compositor de “Brasileirinho”, desembarcou em Brasília em 1971, estava deprimido. Não tinha mais vontade de compor nem de se apresentar com seu cavaquinho. Mas começava aí uma história que transformaria Brasília na nova capital do Choro, esse gênero musical que até então tinha seu berço e palco principal no Rio de Janeiro.

Era o início da cena do Chorinho em Brasília, que hoje tem como principal espaço o Clube do Choro, casa que ganhou importância tão grande que foi escolhida por Paul McCartney para um pocket show no ano passado.

De 10 a 13 de outubro no Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Brasília, essa nova filha dileta do Choro, poderá conhecer um pouco da história desse gênero musical com o espetáculo "Operilda Cai no Choro".

Esta temporada marca a celebração do Dia das Crianças e o 24º aniversário do CCBB, que coincide com o dia 12 de outubro. As sessões foram programadas para quinta e sexta, às 19h; sábado, às 15h e 17h (com tradução em Libras); e domingo, às 15h. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada) e estão disponíveis no site oficial do Banco do Brasil e na bilheteria do CCBB.

No caso, não se contará a história do renascimento do Choro em Brasília, sua nova casa. Mas sua história original, seu nascimento, no Rio de Janeiro do século 19.

Para crianças de todas as idades

O Clube do Choro, o novo berço do gênero em Brasília | Foto: Divulgação

Espetáculo aborda a evolução do gênero musical de forma lúdica

O enredo do espetáculo é ambientado no Rio de Janeiro do final do século 19, período em que o Choro surgiu. A peça traz à tona fatos históricos e figuras importantes que contribuíram para a popularização desse estilo musical, reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil desde fevereiro deste ano, conforme concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A direção geral é de Regina Galdino, enquanto a direção musical é de Chico Macedo. A protagonista é Operilda, uma jovem feiticeira de 225 anos, interpretada por Andréa Bassitt, que também é responsável pela idealização do espetáculo. O cenário e figurino foram projetados por Fabio Namatame, incorporando elementos lúdicos que enriquecem a narrativa.

"Operilda" conta a história do gênero musical que encontrou novo berço no DF

"Operilda Cai no Choro" aborda a importância do Choro, um gênero musical que combina influências europeias e africanas. A protagonista, acompanhada por sua amiga Vassorilda e pela banda Chorildos, utiliza sua memória e imaginação, abandonando o uso de tecnologia moderna para explorar essa tradição musical. A banda, formada por Chico Macedo (sax, flauta e clarineta), Deni Domenico (cavaquinho e bandolim), Helô Ferreira (violão de 7 cordas) e Nelton Essi (percussão), acompanha as personagens durante a apresentação.

O repertório inclui clássicos do Choro, como "Tico-Tico no Fubá" de Zequinha de Abreu e "Carinhoso" de Pixinguinha. A peça promete atrair tanto crianças quanto adultos, mantendo um tom leve e divertido. O espetáculo também apresenta personagens icônicos da história do Choro, como Joaquim Callado, Chiquinha Gonzaga e Pixinguinha, que desempenharam papéis significativos na formação e popularização do gênero. Recentemente, a personagem Operilda ganhou destaque em "Operilda na Orquestra Amazônica", que conquistou prêmios de Melhor Musical Infantil.

A crítica destaca a abordagem da peça como uma mistura de nostalgia para adultos e aprendizado lúdico para crianças. O espetáculo se caracteriza por um ritmo tranquilo, permitindo que as histórias sejam contadas de forma clara e envolvente.

A diretora Regina Galdino possui experiência na direção de diversos projetos teatrais e foi uma das criadoras da série "Aprendiz de Maestro". Já a atriz e autora Andréa Bassitt é graduada pela Escola de Arte Dramática e tem no currículo diversas produções teatrais e musicais, incluindo "Morte e Vida Severina" e "Operilda na Orquestra Amazônica". Chico Macedo, responsável pela direção musical, é um instrumentista renomado com diversas colaborações em projetos musicais de destaque.

Van

O CCBB Brasília oferece uma van que transporta gratuitamente o público até o local do evento, como parte da ação "Vem pro CCBB", que visa democratizar o acesso à cultura. A van está estacionada próxima ao ponto de ônibus da Biblioteca Nacional e funciona em horários estabelecidos. A utilização do serviço é garantida mediante a apresentação do ingresso, embora a ausência de ingresso não impeça a utilização da van.