Dança no último ato

Espetáculos que marcam reabertura do Teatro Nacional se encerraram com bailarinos do DF

Por Mayariane Castro

A dança marcou o último dia de espetáculos no Teatro Nacional

Após dez anos fechado, o Teatro Nacional Claudio Santoro, em Brasília, foi reinaugurado no dia 18 de dezembro. Desde então, a Sala Martins Pena, a única liberada por enquanto para utilização, foi brindada com uma programação especial. Shows gratuitos dos artistas Almir Sater, Plebe Rude, e do grupo de comédia Melhores do Mundo fizeram parte da agenda, que se encerrou na quinta-feira (26). No encerramento, o Teatro Nacional foi palco e espaço de apreciação para quatro companhias de dança locais do Distrito Federal.

Variados estilos marcaram as apresentações. Dança contemporânea, urbana e brincante, até o balé clássico. As companhias que participaram foram Transições Companhia de Dança e Artes, Síntese Cia de Dança, Equipe Shamsa Nureen e convidados.

A Secretaria de Cultura e Economia Criativa (SECEC-DF) diz que a reabertura do principal equipamento cultural do DF é um marco e uma celebração necessária. “É devolver para a população do DF o maior equipamento cultural do país, não só em tamanho, em proporção, mas em grandiosidade e representatividade. Estamos muito felizes, emocionados e gratos ao GDF pela parceria e pela possibilidade de fazer parte deste momento histórico", afirma.

Do popular ao teatro

A Transições Companhia de Dança e Artes é a responsável por levar a cultura popular brasileira para o chão da Sala Martins Pena. O grupo, que atualmente conta com três espetáculos em circulação pelo DF desde 2021, levou um pouco do maracatu, do coco, e de outros estilos de dança popular nordestina em uma apresentação contínua com diversos elementos do Pernambuco em cena.

O diretor e idealizador da companhia Lehandro Lira explica que foi uma oportunidade inexplicável poder retornar aos palcos do teatro logo em sua reestreia. Após um ano extenso de trabalho, ter este reconhecimento enquanto coletivo artístico local de forma orgânica e genuína foi uma honra, como os próprios bailarinos do grupo descrevem.

“A iniciativa de fundar a Transições de Dança e Artes em 2013/ 2014 reflete no empenho em contribuir com o cenário cultural do DF, uma vez que a companhia atua como uma base de multiplicação cultural, promovendo a formação de centenas de artistas e desenvolvendo eventos que difundem arte a um público extenso por meio da cultura popular nordestina e as cartografias da dança contemporânea”, acrescenta Lehandro.

Ases do contemporâneo

“Corpo em Serenata” é um espetáculo de dança contemporânea inspirado na tradição das antigas serenatas de amor. Esta é a definição da obra emblemática da Síntese Companhia de Dança, que foi apresentado no Teatro Nacional. Embalado por grandes canções que marcaram época, nas vozes de artistas como Vinicius de Moraes, Roberto Carlos, Nelson Gonçalves, Elizabeth Cardoso, Pixinguinha, Altemar Dutra, Nora Ney, Cartola, Elis Regina, Peninha entre outros.

O espetáculo faz a releitura dessas músicas com cenas instigantes e muitas vezes provocativas, através dos corpos dos bailarinos e das movimentações criadas para cada uma delas, transformando essas lindas canções em imagens vivas através do corpo em movimento

Arte global

A Equipe Shamsa Nureen é referência nas danças árabes e derivadas. O repertório abrange desde peças clássicas, com composições orientais, até ritmos vibrantes e canções contemporâneas. As coreografias incluem danças com véus, candelabros, snujs (címbalos de metal usados durante a dança) e espadas, além de experiências com a roda de dabke, uma tradicional dança popular do Oriente Médio.

O grupo tem como objetivo promover uma imersão na cultura árabe e está em atuação há mais de 15 anos. Os bailarinos se apresentaram com o espetáculo “Magia do Oriente” que traz consigo estes elementos em uma apresentação que em trinta minutos, faz com que o público conheça e desfrute de uma cultura diferente através do movimento e da dança.

O Governo do Distrito Federal (GDF) informou que o restante do Teatro Nacional também será restaurado e que passa por um processo lento, uma vez que se estuda as possibilidades de restauração sem ferir as normas diante de um patrimônio tombado e que mantenha a arquitetura original. A empresa Solé Associados, responsável pela reforma, foi contratada para desenvolver o projeto de adequação acústica, uma das principais preocupações de Oscar Niemeyer quando projetou a Sala Villa-Lobos. O trabalho de restauração preserva a identidade do espaço, respeitando os elementos originais do projeto, enquanto moderniza os aspectos técnicos para atender às demandas do público atual.