Dance "como nossos pais"
Companhia reapresenta espetáculo inspirado em músicas populares brasileiras

A Flyer Cia de Dança, companhia profissional de dança do Distrito Federal, reapresenta nesta domingo o espetáculo “Como Nossos Pais”, no Teatro Sesi Yara Amaral, em Taguatinga. A apresentação integra a programação do teatro como forma de movimentar a arte na cidade, visando arrecadar alimentos para doação à comunidade e fundos para custear uma viagem para a companhia competir e representar o DF fora do estado.
O espetáculo “Como Nossos Pais” tem como ponto de partida as trilhas de músicas populares brasileiras, com o objetivo de criar uma conexão emocional entre os bailarinos e as canções que marcaram as gerações passadas, especialmente as de seus próprios pais. O coreógrafo Leandro Mota, responsável pela direção da obra, propôs ao elenco um desafio que vai além da técnica da dança.
Segundo ele, a peça precisa tocar os bailarinos emocionalmente antes de alcançar o público. "Sempre costumo dizer que a obra tem que sensibilizar a gente primeiro antes de chegar ao público. É um espetáculo emocionante e cheio de significados que carregam muita nostalgia e saudade dentro da proposta", explica Mota.
Emocional
O espetáculo tem uma linguagem mista que combina elementos do jazz e da dança contemporânea. Essa fusão de estilos cria uma dinâmica poética no palco, reforçada pelo trabalho de iluminação e cenografia que contribui para a atmosfera da obra. A coreografia busca explorar os sentimentos e as memórias associadas às músicas populares brasileiras, questionando, de maneira sutil, temas como a identidade e as relações familiares.
Para o bailarino Lamôni Chagas, o espetáculo vai além das memórias familiares, refletindo sobre a própria essência do ato de dançar. "Para mim, justifica por que eu danço, me faz lembrar para quem eu danço”, diz ele. “O tempo todo é um gosto de nostalgia diferente com uma pitada de emoção. Desde o processo de criação até as reapresentações, é sempre uma emoção diferente.
O espetáculo também propõe uma reflexão mais ampla sobre a identidade e as raízes culturais. Através das músicas e da dança, a obra convida o público a pensar sobre questões fundamentais, como "de onde viemos?", "de quem somos filhos?" e "quem são nossos pais?". Essas questões, embora implícitas, são exploradas através dos movimentos e das emoções que a dança provoca, estabelecendo um diálogo entre passado e presente.
Proximidades
A reapresentação no Teatro Sesi Yara Amaral foi uma oportunidade para a Flyer Cia de Dança aproximar o público local dessa proposta artística, que busca resgatar memórias e criar novos significados a partir delas. O evento, que integra as ações de ocupação do teatro, também contou com o apoio de um público presente que, além de prestigiar a apresentação, colaborou com a arrecadação de alimentos e apoio financeiro a equipe, como parte do objetivo social do projeto.
A Flyer Cia de Dança, fundada no Distrito Federal, tem se consolidado como um dos principais grupos de dança da região, com uma trajetória marcada por inovações na linguagem da dança contemporânea e no envolvimento com a comunidade local. O projeto Quartas Culturais, por sua vez, tem sido uma plataforma importante para a divulgação de produções culturais no DF, além de promover ações de solidariedade e inclusão social.
Além de sua proposta artística, o espetáculo “Como Nossos Pais” também se insere no contexto de uma cena cultural que busca não apenas entreter, mas também provocar reflexões sobre as questões identitárias e os laços afetivos que definem as relações humanas. Ao reunir diferentes gerações, o espetáculo reafirma a importância da memória afetiva e da valorização das raízes culturais, especialmente em um momento em que a conexão com o passado é um tema cada vez mais presente nas discussões contemporâneas.
O trabalho de Leandro Mota, que é um dos principais nomes da dança contemporânea de Brasília, se caracteriza por uma constante busca por novas formas de expressar sentimentos e histórias através do movimento. Em “Como Nossos Pais”, ele propõe uma obra que, ao mesmo tempo em que celebra a tradição musical brasileira, busca dar voz às experiências e memórias pessoais de cada um dos bailarinos, criando um espetáculo profundamente humano e sensível.