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Alagoano desenvolve técnica para evitar pesca acidental

Estudo busca preservar espécies ameaçadas e delimitar áreas de pesca sustentável | Foto: Liv Williamson/Passioiventa

Durante seu doutorado em oceanografia na Universidade de Sydney, na Austrália, Marcelo Reis desenvolveu uma fórmula matemática e uma nova técnica para análise de risco ecológico voltada ao manejo pesqueiro.

A técnica visa evitar a pesca acidental de tubarões e raias, preservando espécies ameaçadas como o tubarão martelo. Reis, que fez mestrado na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), baseou seu trabalho em dados da Australian Fisheries Management Authority (AFMA).

Segundo o pesquisador, os dados da AFMA são de boa qualidade, pois a autoridade pesqueira determina a obrigação, na pesca comercial, de os pescadores descreverem a localização geográfica, as espécies apreendidas e o peso total dos animais.

"Correlacionando essas ocorrências práticas com a probabilidade feita pela literatura e, principalmente, pela fonte do AquaMaps - plataforma criada por institutos alemães - consegui cruzar os dados", explica.

A fórmula desenvolvida por Reis calcula um índice de interação pesqueira entre espécies e áreas de pesca, priorizando espécies ameaçadas ou com maior índice de interação. Testes realizados na Austrália validaram o método.

Muitas espécies são de preocupação menor para a conservação, mas outras são ameaçadas globalmente, embora, localmente, na Austrália, haja espécies bem protegidas, como o tubarão-martelo, porque ali existem regras bem específicas para captura desses animais. "Eles têm limites de captura", explica.

Em termos de custo-benefício, Reis destaca que a técnica é fácil e não exige grande quantidade de dados de qualidade, sendo útil para selecionar espécies prioritárias para manejo pesqueiro.

A fórmula busca dar mais precisão à atividade de pesca, ajudando a preservar espécies ameaçadas e auxiliando na delimitação das áreas preferenciais para a realização dessa atividade econômica. O trabalho foi publicado na revista internacional Diversity.

Reis ressalta que a conservação de tubarões e raias é essencial, apesar de ainda ser um tabu em muitas partes do mundo. O método desenvolvido pode ser adaptado para outros estudos de extrativismo, além de ser ajustado de acordo com a realidade local.