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Estratégia Ambiental

Por Márcio Coimbra*

Há tempos defendo que o Brasil adote uma moderna agenda ambiental como cartão de visitas de nosso país na arena externa. As razões são claras, uma vez que possuímos protagonismo natural para lidar com o tema e depois da Rio 92 assumimos uma posição de destaque nas esferas de poder internacionais pautando o debate ambiental. Lembro que rejeitar esta agenda é também se afastar de um ativo estratégico. Para o Brasil, mais do que abraçar, é preciso se reconciliar com o tema, tornando-se novamente referência de políticas e ações que geram eco e ressonância externa.

O Brasil, entretanto, vem se movimentando de forma errática neste campo, o que levou o país a abandonar o protagonismo adquirido na década de 1990. O mais recente debate nacional sobre meio ambiente mostra uma perda de liderança, ao tragar o assunto para arena polarizada da política, sem qualquer movimento de convergência, que deveria ser a tônica usada por nosso país como liderança internacional.

Adotar uma estratégia inteligente, calcada em políticas públicas modernas, que usem o meio ambiente como ativo essencial do Brasil frente aos mecanismos da nova economia, pode tornar nosso território um ponto central diante do novo cenário mundial. Caberia ao país tomar esta decisão de forma sábia, usando um ativo natural único no planeta, capaz de impulsionar nossa economia e peso internacional a patamares jamais vistos.

Infelizmente setores do país insistem em duelar com esta realidade, rejeitando a pauta ambiental, jogando-a para patamares inferiores de discussão, como se uma economia virtuosa somente fosse possível de ser alcançada longe destas políticas. Na verdade, a realidade está em lado oposto: diante da nova realidade exterior, uma economia virtuosa somente é possível de ser alcançada quando suas políticas se encaixam de forma inteligente na pauta ambiental, como entes complementares.

Isto significa que uma economia verde é uma excelente oportunidade para o Brasil subir de patamar, já que conta com uma matriz energética limpa, motores movidos a etanol, de fonte renovável, e poderia fazer muito mais na recepção deste mundo novo de oportunidades. Segundo o Banco Mundial e a OIT, a projeção de aumento no PIB brasileiro, em função da economia verde, é de R$ 2,8 trilhões. E com isso podem surgir 7,1 milhões de empregos só aqui no Brasil. Uma verdadeira revolução.

*Presidente do Instituto Monitor da Democracia e Conselheiro da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais. Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos. Ex-diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal