Cineasta é homenageado com Medalha da Abolição

Luiz Carlos Barreto é um dos protagonistas do cinema cearense

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A Medalha da Abolição é uma das maiores honrarias do estado

Farol para o cinema e a cultura no Brasil. Assim pode ser definido o legado do cineasta cearense Luiz Carlos Barreto Borges, radicado no Rio de Janeiro. Aos 96 anos de idade, dos quais mais de 60 dedicados à sétima arte, Barreto é um dos seis agraciados com a Medalha da Abolição de 2024. A Comenda será entregue nesta sexta-feira (3), no Palácio da Abolição, em Fortaleza.

Barretão, como é conhecido, é um profissional multifacetado que atuou como repórter e fotógrafo, no jornalismo, e roteirista, diretor de fotografia, produtor, entre outros, no cinema. Com olhar sensível e engajamento social, ele foi um dos importantes jovens cineastas que criaram no Brasil, na década de 1960, o Cinema Novo. Um movimento cinematográfico revolucionário que contribuiu para elevar o propósito e a estética do audiovisual brasileiro, ganhando reconhecimento do público e da crítica dentro e fora do país.

O amor pelo que faz transcende a vida profissional de Barreto, sendo também um forte vínculo familiar. O cineasta é casado com a produtora Lucy Barreto, 91, que fala sobre a parceria de 70 anos. "Vivemos uma grande aventura cinematográfica iluminada pela luz do Luiz Carlos e pela trilha sonora da Lucy. Viva o cinema brasileiro. Viva o cinema", sublinha.

Da união, nasceram três filhos: Fábio, falecido em 2019, Bruno e Paula - todos cineastas. Os filhos fazem parte da L.C Barreto, produtora cinematográfica fundada pelo casal em 1963. Segundo Lucy, são mais de 100 produções, entre longas, curtas e seriados, que se entrelaçam com a história e evolução do cinema nacional, da América Latina e do mundo.

Sobre a homenagem ao pai, Paula Barreto afirma: "Ele diz que as três paixões da vida dele são a Lucy, mamãe, o Flamengo, e o cinema. Nós sempre fomos muito unidos por essas três paixões. Eu considero que posso estender essa homenagem a minha mãe também, porque eles fundaram a nossa empresa e sempre trabalharam juntos", reconhece.

Em março deste ano, Barreto foi homenageado, também pelo governo do Ceará, pelos serviços prestados ao audiovisual. A iniciativa marcou os 100 anos do cinema cearense. Na oportunidade, o cineasta atribui seu legado à sua origem sertaneja. "Se tudo isso aconteceu verdadeiramente, eu só devo atribuir a uma coisa: ao meu espírito cearense, sobralense e nordestino. Nós somos, antes de tudo, sobreviventes dessa desigualdade social que até hoje reina no Brasil", pontuou.

Luiz Carlos Barreto não esteve presente na solenidade, pois se recupera de uma cirurgia realizada após acidente doméstico.