Alagoano desenvolve técnica para evitar pesca acidental
Trabalho foi apresentado na Universidade de Sydney, Austrália
Durante seu doutorado em oceanografia na Universidade de Sydney, na Austrália, Marcelo Reis desenvolveu uma fórmula matemática e uma nova técnica para análise de risco ecológico voltada ao manejo pesqueiro.
A técnica visa evitar a pesca acidental de tubarões e raias, preservando espécies ameaçadas como o tubarão martelo. Reis, que fez mestrado na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), baseou seu trabalho em dados da Australian Fisheries Management Authority (AFMA).
Segundo o pesquisador, os dados da AFMA são de boa qualidade, pois a autoridade pesqueira determina a obrigação, na pesca comercial, de os pescadores descreverem a localização geográfica, as espécies apreendidas e o peso total dos animais.
"Correlacionando essas ocorrências práticas com a probabilidade feita pela literatura e, principalmente, pela fonte do AquaMaps - plataforma criada por institutos alemães - consegui cruzar os dados", explica.
A fórmula desenvolvida por Reis calcula um índice de interação pesqueira entre espécies e áreas de pesca, priorizando espécies ameaçadas ou com maior índice de interação. Testes realizados na Austrália validaram o método.
Muitas espécies são de preocupação menor para a conservação, mas outras são ameaçadas globalmente, embora, localmente, na Austrália, haja espécies bem protegidas, como o tubarão-martelo, porque ali existem regras bem específicas para captura desses animais. "Eles têm limites de captura", explica.
Em termos de custo-benefício, Reis destaca que a técnica é fácil e não exige grande quantidade de dados de qualidade, sendo útil para selecionar espécies prioritárias para manejo pesqueiro.
A fórmula busca dar mais precisão à atividade de pesca, ajudando a preservar espécies ameaçadas e auxiliando na delimitação das áreas preferenciais para a realização dessa atividade econômica. O trabalho foi publicado na revista internacional Diversity.
Reis ressalta que a conservação de tubarões e raias é essencial, apesar de ainda ser um tabu em muitas partes do mundo. O método desenvolvido pode ser adaptado para outros estudos de extrativismo, além de ser ajustado de acordo com a realidade local.