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Estudo revela formas de reduzir a toxicidade no solo

Um estudo recente, realizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), lançou luz sobre os potenciais riscos ambientais associados ao roxarsone (RX), um composto orgânico de arsênio amplamente utilizado na agricultura. A pesquisa, conduzida por Amanda Nascimento durante seu doutorado em química e biotecnologia, concentrou-se na interação entre o RX e as substâncias húmicas (SH) presentes no solo, com o objetivo de propor soluções sustentáveis para mitigar esses riscos.

O RX é comumente utilizado no tratamento de doenças parasitárias em animais e como aditivo para promover o crescimento, porém, seus resíduos podem representar uma ameaça significativa ao meio ambiente quando excretados no solo. As substâncias húmicas, por sua vez, desempenham um papel crucial na qualidade do solo e na distribuição de espécies no ambiente, devido às suas propriedades físico-químicas.

"O que me motivou pela escolha do roxarsone como foco do estudo em relação à contaminação do solo foi o fato de existirem algumas espécies potencialmente tóxicas derivadas de metais e ametais, que são gêneros não biodegradáveis e podem gerar subprodutos que levam a efeitos danosos, além de apresentar tendência de se acumular, provocando distúrbios e doenças variadas em humanos", explicou a pesquisadora.

Os resultados da pesquisa revelaram que o RX teve um impacto negativo na atividade enzimática da fosfatase alcalina, uma enzima essencial para a saúde do solo. No entanto, a presença das SH atenuou esse efeito, sugerindo um potencial para reduzir os danos causados pelo RX no ambiente.

"Quando associadas a um determinado contaminante, as SH podem ocasionar na redução dos efeitos tóxicos destes, afetando a degradação, (bio)disponibilidade, (bio)acumulação, entre outros processos, auxiliando na remediação de um ambiente contaminado. Logo, o entendimento de como este método ocorre é essencial para uma compreensão em nível de ambiente e da possibilidade de implementação de sistemas de remediação, para redução do possível impacto destas espécies para a população, de forma direta e indireta", frisou a Amanda.

No futuro, o projeto visa expandir suas aplicações em sistemas reais e empregar modelos biológicos para simular condições ambientais mais próximas da realidade. Essa pesquisa não apenas contribui para o avanço do conhecimento científico, mas também oferece soluções práticas para enfrentar os desafios ambientais associados à agricultura e à sustentabilidade.