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Projeto mapeia grupos de bumba-meu-boi no MA

O projeto Caminhos da Boiada, realizado pelo Grupo de Estudos Culturais no Maranhão (Gecult-MA) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), mapeou cerca de 100 grupos de bumba-meu-boi na região de São Luís. A iniciativa, que começou em 2020, busca identificar e difundir as particularidades desses grupos centenários utilizando tecnologias digitais como o georreferenciamento. Em 2023, a equipe de pesquisa ampliou o número de grupos mapeados, lançando uma segunda versão do mapa impresso e um site interativo.

A professora Letícia Cardoso, coordenadora do projeto, explicou que a pandemia da covid-19 atrasou a pesquisa de campo inicial. No entanto, um estudo preliminar identificou 76 grupos na Grande São Luís, incluindo as cidades de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. Esses dados permitiram a criação de um mapa impresso com a localização dos grupos.

Em 2023, a equipe foi a campo novamente, aumentando o número de grupos mapeados para 100. O site do projeto apresenta informações detalhadas sobre os grupos, incluindo fotos, contatos, links para redes sociais e a possibilidade de acessar a localização via GPS. Além disso, os grupos estão divididos em cinco sotaques, como são conhecidas as diferentes formas de tocar, dançar e se apresentar no Maranhão: matraca, baixada, costa-de-mão, orquestra, zabumba e alternativo.

O site também oferece informações adicionais sobre os sotaques e uma pequena história do bumba-meu-boi, considerado um patrimônio imaterial brasileiro. A professora Letícia destaca a importância de políticas públicas para valorização e fomento dessa manifestação cultural.

O projeto também pretende fortalecer a cadeia produtiva do bumba-meu-boi, promovendo a expansão dos saberes e práticas tradicionais em dimensões midiáticas, econômicas, turísticas e patrimoniais. Letícia mencionou que seminários e oficinas foram realizados com mais de 200 grupos, resultando em uma carta de necessidades entregue ao poder público.

Em 2023, foi feito um diagnóstico sobre a estrutura e capacidade de recepção de visitantes dos grupos. Alguns já estão prontos para receber turistas, mas precisam de qualificação. A partir desse diagnóstico, foram escolhidos grupos para criar roteiros turísticos.

Além dessas iniciativas, o projeto está finalizando um aplicativo, que oferecerá funcionalidades adicionais ao site, como a venda de produtos artesanais dos grupos e um acesso mais fácil às suas localizações.

Os diferentes sotaques dos grupos são detalhados no site do projeto. O sotaque de matraca, ou sotaque da Ilha, é típico de São Luís e utiliza pandeirões e matracas. O sotaque da baixada, ou de Pindaré, caracteriza-se pelo som cadenciado de instrumentos percussivos como pandeiros e maracás. O sotaque de costa-de-mão vem de Cururupu e utiliza pandeiros tocados com a costa da mão. O sotaque de zabumba, de Guimarães, é conhecido pelo ritmo acelerado das zabumbas. O sotaque de orquestra mistura instrumentos de sopro e corda, típico da região do Rio Munim. O sotaque alternativo é uma criação mais urbana que combina diferentes estilos.

O Complexo Cultural do Bumba Meu Boi do Maranhão foi consagrado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco em 2019. A manifestação cultural, reconhecida pelo governo desde 2011, exige ações de para fortalecer os grupos.