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Nelson da Rabeca se torna Patrimônio Cultural de AL

O governador em exercício de Alagoas, Ronaldo Lessa, sancionou na última quinta-feira (27) a lei que reconhece o acervo artesanal e musical de Nelson dos Santos, conhecido como Nelson da Rabeca, como Patrimônio Cultural Imaterial de Alagoas. A proposta, apresentada pelo deputado estadual Alexandre Ayres (MDB) por meio do Projeto de Lei 733/2024, foi aprovada pela Assembleia Legislativa em maio deste ano.

"Eu que amo Marechal Deodoro e que amo Alagoas. Vamos seguir protegendo e defendendo a cultura alagoana", disse o deputado.

A secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa, Mellina Freitas, destacou a importância da contribuição do mestre para a cultura alagoana. "Nelson da Rabeca deixou um legado extraordinário como mestre do Patrimônio Vivo de Alagoas, que continua vivo em suas composições, nos instrumentos que construiu e na inspiração que deixou para futuras gerações. Ele foi, e sempre será, um dos mais legítimos representantes de nossa cultura popular alagoana", destacou.

Nelson da Rabeca

Nelson dos Santos nasceu em Joaquim Gomes e residia em Marechal Deodoro. Ele se destacou como rabequista, acordeonista e compositor. Criado em uma família de agricultores, dedicou-se à lavoura de cana-de-açúcar até descobrir seu talento musical aos 54 anos, sem nunca ter frequentado a escola. Casado com Benedita da Silva, que também atuava como vocalista, Nelson teve dez filhos, alguns dos quais seguiram a carreira musical.

Nelson da Rabeca despertou seu interesse pela música ao ver um violino na televisão, o que o motivou a construir e tocar sua própria rabeca. Ele se destacou como compositor e intérprete de baiões, xotes, marchas e forró pé-de-serra, além de tocar acordeão. Autodidata, começou a construir rabecas na década de 1970, sempre buscando perfeição e originalidade. Sua preferência pela madeira de jaqueira, devido à sua beleza e durabilidade, tornou-se uma característica marcante de sua obra.

O reconhecimento de Nelson cresceu com a pesquisa de José Eduardo Gramani, que, impressionado com a qualidade das rabecas de Nelson, levou à gravação de um CD em 1994. Em 1998, a Associação dos Amigos de Nelson da Rabeca foi fundada para promover seu trabalho artístico. Em 2009, Nelson foi reconhecido como Patrimônio Vivo de Alagoas.

Nelson da Rabeca faleceu em 22 de abril de 2022, aos 81 anos, devido a problemas cardíacos.