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Sudene promove reúso de água para quilombolas

A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em parceria com a prefeitura de São Raimundo Nonato, desenvolveu e implementou um projeto piloto de sistemas de tratamento e reúso de águas cinzas em cinco comunidades quilombolas rurais do município. A ação, concluída nesta quarta-feira (3), beneficiou aproximadamente 262 famílias, totalizando cerca de 1.040 pessoas, com um investimento de R$ 476 mil.

O projeto incluiu as comunidades de Lagoa das Emas, Lagoa do Moisés, Lagoa dos Prazeres, Lagoa do Calango e Lagoa da Firmeza. Estas comunidades são formadas por pequenos agricultores, associações de quilombolas e cooperativas de produtores orgânicos. Foram instalados 28 sistemas de filtragem biológica de águas cinzas.

"Essa ação representa o que fazemos na Sudene, que é buscar soluções que possam reduzir as desigualdades socioeconômicas da nossa região. Esse projeto fala para a segurança hídrica, o saneamento, a agricultura familiar, a geração de renda, através de uma tecnologia sustentável, que pode ser replicada em outras comunidades, outras cidades", afirmou o superintendente da Sudene, Danilo Cabral.

Carla Pereira, moradora da comunidade do Moisés, relatou que a principal mudança foi a eliminação dos esgotos a céu aberto. "Antes eu tinha três esgotos a céu aberto em minha casa, com a água pelo quintal. Agora, tenho apenas um esgoto tratado e ainda consigo aguar minhas plantas", disse.

A coordenadora-geral de Desenvolvimento Sustentável da Sudene, Beatriz Lyra anunciou a ampliação do projeto por mais seis meses para acompanhar o uso da água pelas famílias e assegurar a manutenção dos equipamentos. A análise dos resultados visa aplicar a tecnologia social em outras localidades.

O projeto foi desenvolvido em etapas, começando pela mobilização das comunidades, seminários sobre reaproveitamento de águas e oficinas voltadas para a produção familiar. As famílias participaram de 15 minicursos abordando temas como desmistificação do reúso de águas cinzas, construção e funcionamento do sistema de reúso, aplicabilidade em quintais produtivos e produção de mudas e plantas alimentícias.

As comunidades beneficiadas possuem uma faixa etária diversificada, com muitos jovens entre 18 e 40 anos, e são chefiadas em grande parte por mulheres que cuidam de hortas orgânicas e apicultura. As principais fontes de renda incluem a agricultura de sequeiro, pecuária de pequenos animais e plantio de algodão orgânico.