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Ecotoxicologia é destaque em pesquisa no Maranhão

O professor Jadson Pinheiro Santos, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), desenvolveu um estudo com o objetivo de avaliar a viabilidade do uso de sêmen criopreservado de tambaqui (Colossoma macropomum) em ensaios ecotoxicológicos. Intitulada "Viabilidade do uso do sêmen criopreservado de Tambaqui Colossoma macropomum (Cuvier, 1816) (Characiformes: Serrasalmidae) em ensaios ecotoxicológicos", a pesquisa foi orientada pela Profa. Dra. Raimunda Fortes Carvalho Neta e faz parte do doutorado em Biodiversidade e Biotecnologia da Rede BIONORTE/Uema.

Os testes foram realizados em pisciculturas localizadas nos municípios de Santa Inês e Santa Rita, além dos laboratórios de Biomarcadores em Ambientes Aquáticos e de Biotecnologias da Reprodução Animal da Uema. A motivação para o estudo surgiu de discussões entre o professor Jadson e a orientadora, com o intuito de combinar o conhecimento pré-existente sobre a biologia espermática e a criopreservação do sêmen com a necessidade de testes ecotoxicológicos.

A pesquisa visa duas abordagens principais: a substituição do uso de animais em ensaios ecotoxicológicos por células espermáticas e a análise de possíveis alterações na fisiologia reprodutiva dos peixes de água doce. A primeira etapa envolveu uma revisão do biomonitoramento no Brasil e a avaliação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, seguida pela coleta e análise de artigos científicos sobre o tema.

Na segunda etapa, foram conduzidos testes com amostras de sêmen de tambaqui sexualmente maduros provenientes de pisciculturas locais. O sêmen foi coletado após indução hormonal e testado em diferentes condições, incluindo a exposição a pesticidas como glifosato e fenitrotiona. O experimento foi realizado com sêmen in natura e criopreservado.

Os resultados da pesquisa bibliográfica identificaram 25 espécies de peixes, com predominância do Danio rerio em 18% dos estudos analisados. A pesquisa também revelou que 78% dos estudos focaram em inseticidas, com destaque para endosulfan e cipermetrina. Os distúrbios endócrinos reprodutivos foram os efeitos mais frequentemente relatados.

Nos testes ecotoxicológicos, o sêmen in natura apresentou uma motilidade inicial de 89,24% e uma duração média de 100 segundos. Observou-se uma redução significativa na motilidade após 30 segundos de exposição aos pesticidas, com exceção da concentração de 240 mg/L de glifosato. Para o sêmen criopreservado, a motilidade espermática foi reduzida significativamente após a exposição a todas as concentrações de glifosato, sem diferenças significativas entre as concentrações.

O professor destacou a importância do estudo ao evidenciar os efeitos dos pesticidas na reprodução de peixes e a viabilidade do uso de sêmen criopreservado em testes ecotoxicológicos. A Profa. Dra. Raimunda Fortes ressaltou a inovação da pesquisa, que possibilita a utilização de células espermáticas criopreservadas para a avaliação da toxicidade de agrotóxicos, representando um avanço na área de ecotoxicologia.