A Coleção Perseverança, composta por 211 objetos sagrados que resistiram ao Quebra de Xangô em 1912, recebeu o tombamento provisório do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A coleção foi indicada para o Livro do Tombo das Belas Artes, Livro do Tombo Histórico e Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, em reconhecimento ao seu valor etnográfico. Esta ação ressalta a importância das religiões de matriz africana em Maceió, capital de Alagoas.
Protegida em nível estadual desde 2013, a Coleção Perseverança está sob a guarda do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL) desde 1950. O tombamento provisório garante proteção federal imediata ao acervo, permitindo contestação pelo proprietário em um prazo de 15 dias. Sem contestação, o Iphan prosseguirá com o processo, podendo torná-lo definitivo após aprovação pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.
A secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas, Mellina Freitas, destacou a importância do tombamento. Segundo ela, essa medida é essencial para a preservação de uma parte da história de Alagoas, representando a resistência e a fé das comunidades de matriz africana.
A participação social foi um elemento central no processo de tombamento. Um Grupo de Trabalho (GT) formado por lideranças do Povo de Santo, técnicos do Iphan-AL e outras instituições parceiras utilizou metodologias participativas. Esse grupo permitiu que os religiosos atribuíssem valores e significações culturais à coleção e sugerissem diretrizes para a fase pós-tombamento.
Uma Exposição Fotográfica da Coleção Perseverança foi organizada durante os trabalhos do GT, percorrendo terreiros e espaços institucionais para promover a difusão do acervo. Em fevereiro de 2024, um parecer técnico foi concluído, resultando de um diagnóstico participativo sobre o estado de conservação das peças e de encontros para ampliar os debates do GT.
O técnico do Iphan-AL, Maicon Marcante ressaltou a relevância do tombamento da Coleção Perseverança para o reconhecimento das referências culturais de Matriz Africana em Alagoas e no Brasil. Segundo ele, esta ação se alinha com outros reconhecimentos históricos, como o tombamento da Serra da Barriga e os registros da Roda da Capoeira.