O Impacto crescente das eleições no cenário econômico mundial
Por Charles Laganá Putz*
No ano em que o maior número de pessoas irá às urnas para eleições nacionais em toda a história, inclusive em países como o tão influente e poderoso Estados Unidos, uma discussão sobre a volatilidade política e seus efeitos na economia global vem à tona. Mudanças de rumo, como a retirada da candidatura de Joe Biden, suscitam inquietações. No entanto, não é aí que residem as maiores preocupações dos mercados.
Além dos EUA, Parlamento Europeu, França, Inglaterra, Índia, Rússia, Ucrânia, Irã, Indonésia e Venezuela tiveram ou terão eleições neste ano ainda mais polarizadas do que costumavam ser. Estas eleições podem impactar significativamente o cenário político e econômico global.
Eleições polarizadas geram incertezas e inquietações no cenário econômico mundial. Embora as disputas por questões de conservadorismo ou progressismo em valores tendam a atrair mais atenção, são as diferenças na abordagem sobre relações internacionais, além das alianças e políticas econômicas, que mais afetam os mercados, podendo impactar o desenvolvimento econômico global e até gerar ameaças de conflitos.
O desejável para todos seria um mundo menos dividido, onde o resultado das eleições não impactasse tanto a economia e a vida de cada um. Contudo, a incerteza eleitoral se revela como uma força poderosa que molda o comportamento dos mercados globais. Em um mundo onde as divisões ideológicas são acentuadas e as políticas econômicas variam amplamente, os investidores tendem a adotar uma abordagem mais conservadora. Esta cautela reduz o fluxo de capital, afeta o crescimento econômico e, por conseguinte, impacta o desenvolvimento global.
Conselheiros de Administração, CEOs e CFOs possuem capacidade limitada para influenciar os resultados das eleições ou a economia como um todo. No entanto, diante dos cenários prováveis que se apresentam, eles devem proteger as empresas de riscos, ao mesmo tempo em que devem evitar a perda de oportunidades. Encontrar esse equilíbrio é um desafio, mas é uma busca essencial pela resiliência e o crescimento sustentável das organizações.
*Membro do Conselho de Administração do IBEF-SP, da Faber-Castell, do Grupo Dierberger, do Chartered Institute of Arbitrators em Londres, e da Make-A-Wish, e sócio fundador da Verena Ventures.