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Kamala põe a força da mulher no resgate do patriotismo democrático

Por Rosângela Zeidan*

No momento em que o Brasil se aproxima das urnas mais uma vez dividido entre forças democráticas e as de natureza autoritária, é importante esticar o olhar para aquela que pode ser considerada a eleição mais importante do mundo. Nos Estados Unidos, a figura de Kamala Harris tem se destacado de maneira impressionante. Ela entrou na corrida nos últimos momentos e, surpreendentemente, já lidera as pesquisas, desafiando com altivez a extrema-direita representada por Donald Trump.

O que mais me encanta em Kamala não é sua ascensão política rápida, mas o fato de estar conseguindo resgatar a bandeira do patriotismo, que nos últimos anos vinha sendo sequestrada pela extrema-direita. Este fenômeno não aconteceu apenas com o trumpismo, mas em vários países da Europa e também no Brasil, com o bolsonarismo. Temos, portanto, muito a aprender com Kamala.

Com sua postura firme e ao mesmo tempo cheia de dignidade e ternura, Kamala Harris está conseguindo trazer de volta o significado do patriotismo para o campo democrático. Não entro aqui no mérito das violências que o excesso de amor próprio americano tem espalhado pelo mundo, seja em governos republicanos ou democratas. O fato é que Kamala passou a empolgar os americanos e o mundo todo com um discurso em defesa da democracia quando o trumpismo já cantava vitória mundo afora.

Mulher, negra e política, ela tem uma história comovente de vida e propostas de mais justiça nas oportunidades. Com esta bagagem, a candidata do Partido Democrata tem conseguido conscientizar cada vez mais eleitores de que a democracia deve ser o valor fundamental para quem ama seu país. O fascismo jamais poderia ter sido confundido com patriotismo. Essa associação mergulhou o planeta nas guerras mais sangrentas e de consequências mais ameaçadoras para a humanidade.

O fato de uma mulher estar conseguindo reagir à onda da extrema direita e resgatar o patriotismo como um valor que precisa caber dentro da democracia é mais uma prova da importância da presença feminina na política. As mulheres, com sua firmeza e ternura, trazem uma perspectiva única e necessária para os desafios de liderança. Em qualquer parte do mundo, a participação das mulheres é vital para a construção de sociedades mais justas e igualitárias.

Infelizmente, a presença feminina na política ainda é muito aquém do ideal. No Brasil, são apenas 15% das cadeiras do Senado e 18% na Câmara. Nos Estados Unidos, as mulheres ainda são minoria, mas já se aproximam dos 30% dos assentos do legislativo. Os números indicam um longo caminho a percorrer até a paridade de gênero na política. A trajetória inspiradora de Kamala Harris demonstra o potencial transformador que as mulheres podem ter ao ocupar esses espaços de poder.

É preciso garantir que mais mulheres tenham a oportunidade de seguir esse caminho, enfrentando e superando as barreiras impostas pelo machismo estrutural de nossa sociedade. Que possamos aprender com exemplos como o de Kamala Harris e continuar lutando por um mundo onde a política seja, de fato, para todos e todas.

*Zeidan é deputada estadual (PT-RJ)