Eleições 2024: candidatos caem 19% no Ceará

Reformas políticas são fatores que ajudam a entender queda

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Em 2024, os eleitores do Ceará terão menos opções de candidatos para escolher nas urnas. O número de candidaturas no estado atingiu o menor patamar desde as eleições municipais de 2008, com 13.119 registros, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em comparação com 2020, quando 16.205 candidatos disputaram o pleito, houve uma queda de 19%.

O declínio foi mais acentuado na corrida para as prefeituras, onde o número de concorrentes caiu significativamente. Em 2020, 608 candidatos estavam na disputa pelo cargo de prefeito, enquanto em 2024 esse número é menor. A queda também foi sentida nas câmaras municipais, onde as candidaturas para vereador registraram uma diminuição de 18,86%.

Especialistas apontam que as reformas eleitorais adotadas nos últimos anos contribuíram para essa mudança. Desde 2017, medidas como a criação do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) exigiram novas estratégias das legendas, incluindo a formação de federações partidárias, fusões e incorporações. Essas iniciativas visam maximizar o uso dos recursos disponíveis e garantir maior competitividade nas disputas.

Essa reorganização partidária também refletiu na redução do número de partidos na disputa. Entre 2020 e 2024, o número de legendas passou de 33 para 29. Um exemplo é a fusão entre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Patriota, que resultou na criação do Partido Renovação Democrática (PRD). Outro caso relevante foi a incorporação do Pros pelo Solidariedade.

A cláusula de barreira, introduzida em 2017, também influenciou o cenário político. Essa regra exige que os partidos atinjam determinados critérios de votação para terem acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão.

A proibição das coligações partidárias para as eleições proporcionais, que vigora desde 2020, também impactou a dinâmica das disputas, especialmente para cargos como vereador, deputado estadual e deputado federal.

Como alternativa às coligações, a criação de federações partidárias permitiu que dois ou mais partidos se unissem para atuar de forma conjunta, como se fossem uma única legenda, por um período mínimo de quatro anos. Essa nova configuração serve como uma espécie de teste para futuras fusões ou incorporações.