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Capitais nordestinas matam 70% mais jovens que o Rio

As capitais nordestinas registram taxas de homicídio de jovens significativamente mais altas do que a cidade do Rio de Janeiro, conhecida por frequentes episódios de violência. Enquanto a capital fluminense apresenta uma taxa de 97,5 assassinatos de jovens de 15 a 29 anos por 100 mil habitantes, a média das nove capitais nordestinas chega a 165,4 homicídios a cada 100 mil, uma diferença de aproximadamente 70%.

Os dados, sistematizados pelo Instituto Cidades Sustentáveis com base no DataSUS, mostram que todas as capitais do Nordeste figuram entre as cidades mais violentas para a juventude. Salvador é a capital com os piores índices, com 332 homicídios de jovens a cada 100 mil habitantes. Recife aparece em segundo lugar, com 202 assassinatos na mesma proporção.

Em comparação, São Luís, capital do Maranhão, apresenta o melhor índice da região, com 120 homicídios de jovens por 100 mil habitantes, ocupando a 15ª posição entre as 26 capitais brasileiras. Já São Paulo se destaca como a capital mais segura para essa faixa etária, com uma taxa de 7,7 homicídios por 100 mil jovens, enquanto Belo Horizonte registra 58,8.

O sociólogo Igor Pantoja, coordenador de relações institucionais do Instituto Cidades Sustentáveis, criticou o foco das campanhas eleitorais para prefeituras, que priorizam o fortalecimento das guardas municipais em vez de investir em medidas de prevenção à violência juvenil. "Há muito que o município pode fazer. É responsabilidade dele agir na prevenção, seja nas escolas, nas unidades de saúde ou na assistência social, acompanhando as medidas socioeducativas de crianças e adolescentes em conflito com a lei", afirma.

Segundo Pantoja, a prevenção passa pelo fortalecimento de políticas públicas que lidem com a identificação precoce de sinais de violência nas comunidades. Ele ressaltou que a reincidência criminal entre jovens em conflito com a lei é alarmante, e que a falta de acompanhamento adequado contribui para o agravamento da violência. "Esses jovens têm uma altíssima taxa de reincidência, inclusive com crimes mais graves", comentou o sociólogo. A taxa nacional de homicídios, que engloba todas as faixas etárias, foi de 22,8 por 100 mil habitantes em 2023, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Esse número é quase quatro vezes maior do que a média global, estimada em 5,8 homicídios por 100 mil habitantes pela ONU.