Por Dr. Lucas Padial*
Quando pensamos em melhorar a qualidade do nosso sono, a primeira coisa que vem à mente é o conforto: um colchão de molas ensacadas, um travesseiro de plumas ou um edredom de algodão. No entanto, esses elementos nem sempre são suficientes para garantir o repouso de que o corpo e a mente precisam. Em muitos casos, o que está em jogo são distúrbios do sono, condições que vão além do simples desconforto e exigem diagnóstico adequado e tratamento especializado.
Infelizmente, muitos desses distúrbios passam despercebidos ou são tratados de forma inadequada, o que pode levar a sérias consequências para a saúde. Estresse, fadiga e indisposição são apenas alguns dos sintomas mais imediatos. No entanto, estudos apontam uma correlação ainda mais preocupante entre distúrbios do sono e doenças como depressão, hipertensão e problemas cardíacos. A questão vai muito além de uma noite mal dormida.
Entre os distúrbios mais comuns estão a insônia e a apneia obstrutiva do sono. Embora ambos possam afetar a qualidade do descanso, eles possuem causas e tratamentos diferentes. A insônia, frequentemente associada à ansiedade, tem um componente neurológico e pode ser tratada com Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ou, em casos mais graves, com medicamentos.
Já a apneia do sono é uma condição respiratória que ocorre quando as vias aéreas são obstruídas durante o sono, muitas vezes devido à anatomia da garganta ou do palato. Para diagnosticar a apneia, é necessário realizar a polissonografia, um exame que avalia atividades cerebrais, respiratórias e musculares durante o sono. Com base nesse diagnóstico, o tratamento pode incluir o uso de CPAP (um aparelho que mantém as vias aéreas abertas) e fisioterapia respiratória.
O sono é essencial para o bom funcionamento do corpo e da mente, e cuidar da sua qualidade vai muito além de escolher o colchão certo.
*Otorrinolaringologista especialista em Medicina do Sono com atuação no Hospital Paulista e na Clínica Jamal