Nordeste enfrenta desafios no saneamento básico

Somente 69,9% das casas contam com esse serviço

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A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua 2023, divulgada pelo IBGE, revela que o Nordeste tem avançado no saneamento básico, mas ainda enfrenta desafios significativos.

A cobertura de esgoto passou de 47% em 2019 para 50,8% em 2023. Apesar da melhora, a região ainda está distante dos índices registrados no Sudeste, que alcançam 89,9% de cobertura.

No período analisado, o Nordeste apresentou um dos maiores crescimentos no país, mas a universalização dos serviços continua sendo uma meta distante. Enquanto em áreas urbanas 78% dos domicílios contam com rede de esgoto, nas áreas rurais nordestinas o percentual é de apenas 9,6%. Isso reflete o desafio de levar infraestrutura para localidades menos povoadas e de difícil acesso.

A coleta de lixo também mostra evolução. Entre 2016 e 2023, o percentual de domicílios atendidos cresceu de 67,4% para 75,8%. Apesar disso, a região ainda apresenta o menor índice do país. Em áreas rurais, 51% dos domicílios descartam o lixo por meio de queimadas, prática que afeta o meio ambiente e a saúde pública.

No abastecimento de água potável, a situação é igualmente desigual. Em 2023, 81,1% dos domicílios do Nordeste estavam conectados à rede geral, número abaixo da média nacional de 85,9%. Contudo, nas áreas rurais nordestinas, 43,9% das residências possuem acesso à água encanada, um índice superior ao registrado no restante do país. Essa melhora é fundamental para combater doenças e melhorar a qualidade de vida da população.

Os dados revelam que a expansão dos serviços de água e esgoto é lenta devido à complexidade e ao alto custo das obras de infraestrutura. De acordo com o IBGE, desde 2016, o número de domicílios no Brasil aumentou em 10 milhões. Assim, apesar dos investimentos, a expansão não tem sido suficiente para elevar os índices de cobertura. Além disso, 13,9% dos domicílios nordestinos ainda recorrem a soluções inadequadas de esgotamento sanitário, como fossas rudimentares ou descarte em rios e lagos, o que agrava os problemas ambientais e de saúde. A universalização do saneamento é uma meta do Novo Marco Legal do Saneamento, que prevê que até 2033, 90% da população tenha acesso à coleta e tratamento de esgoto.