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Alta mortandade de corais no Nordeste em 2024

O balanço anual de 2024 do projeto Coral Vivo, aponta para uma grave preocupação com os efeitos da forte onda de calor associada ao fenômeno El Niño, que afetou os recifes de corais no Brasil. O relatório revela que os recifes sofreram o segundo grande episódio de branqueamento, o que resultou em uma intensa mortalidade de corais.

A região mais afetada foi a porção norte da região Nordeste, com destaque para os litorais de cidades como Maragogi (AL), Natal e Salvador.

De acordo com o levantamento, a onda de calor foi menos intensa e duradoura no Sudeste e no sul da Bahia, o que gerou uma baixa mortalidade nesses locais, onde estão localizados os maiores e mais diversos recifes de coral do Brasil. Contudo, os pesquisadores destacam que as duas espécies mais atingidas pelo primeiro grande episódio de branqueamento, ocorrido em 2019, foram novamente as mais afetadas em 2024. São elas o coral-de-fogo (Millepora alcicornis) e o coral-vela (Mussismilia harttii), este último uma espécie ameaçada de extinção, encontrada exclusivamente em águas brasileiras.

O branqueamento dos corais é um processo que ocorre quando os pólipos expelem as zooxantelas, organismos que vivem dentro de seus tecidos e responsáveis pela pigmentação. Esse fenômeno é geralmente provocado por um aumento na temperatura da água. A expulsão das zooxantelas não só causa a perda de cor, mas pode levar à morte dos corais. O relatório aponta que as investigações aprofundadas reforçam a necessidade de políticas públicas e áreas de conservação para a proteção dos ecossistemas de corais no Brasil, com foco especial no litoral sul da Bahia.

O projeto Coral Vivo, que surgiu em 1996 no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem se consolidado como um centro de pesquisa nacional e internacional, com foco na compreensão dos ciclos de vida dos corais.

Os pesquisadores alertam que a morte de corais traz consequências devastadoras para a biodiversidade e a economia, pois os recifes desempenham um papel crucial na proteção das praias contra a erosão, fornecem abrigo, alimento e áreas de reprodução para milhares de espécies e sustentam atividades econômicas como a pesca e o turismo, fundamentais para várias comunidades costeiras.