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Indígenas protestam contra Ferrogrão no Pará

Manifestante esfregou urucum no rosto de sete pessoas durante evento em Santarém | Foto: Reprodução/Redes sociais

Os indígenas mais uma vez se levantaram contra o projeto da Ferrogrão no Tapajós e expressaram a indignação pela falta de consulta às comunidades afetadas. Dessa vez, um dos manifestantes esfregou tinta de urucum no rosto de seis homens e uma mulher, durante o Seminário Técnico sobre Viabilidade dos Aspectos Socioambientais da Ferrovia EF-170. O evento aconteceu na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém (PA), e foi promovido pela Subsecretaria de Sustentabilidade do Ministério dos Transportes.

Diversos povos indígenas, incluindo os Munduruku, Kayapó, Panará, Xavante do Tapajós, assim como ribeirinhos e agricultores familiares, têm se manifestado contra o projeto. Isso porque a ferrovia deve atravessar áreas de preservação permanente e terras indígenas, onde vivem aproximadamente 2,6 mil pessoas.

"Os parentes denunciaram a ausência de Consulta Prévia Livre e Informada, a fragilidade dos estudos de impacto e os riscos socioambientais da ferrovia", informou a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira.

A Ferrogrão, também conhecida como EF-170, é um projeto ferroviário no corredor logístico da exportação de grãos através do rio Tapajós, Região Norte. A construção está prevista para ser implantada paralelamente à BR-163, conectando Sinop (MT) a Itaituba (PA), com uma extensão de 933 quilômetros e capacidade de transporte de até 52 milhões de toneladas por ano.

O principal propósito da Ferrogrão é reduzir os custos de transporte de commodities agrícolas de Mato Grosso, especialmente soja e milho. Para isso, a construção e operação do empreendimento serão concedidas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a um empreendedor privado, por um período de 69 anos. O investimento total é estimado em R$ 21,574 bilhões.

Em 17 de outubro de 2023, o Ministério de Transportes instituiu um Grupo de Trabalho para acompanhar a estruturação e receber sugestões para o projeto. Posteriormente, o prazo dos trabalhos foi prorrogado por mais 180 dias. Em março deste ano, ocorreu um Tribunal Popular em Santarém, organizado por diversas entidades da sociedade civil, comunidades indígenas, representantes de pescadores, agricultores familiares e movimentos sociais do Pará e Mato Grosso. No evento, o projeto da Ferrogrão foi julgado como inviável e sentenciado ao abandono.