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Indígenas recebem registro civil no AM

A comunidade indígena de Umariaçu 2, localizada em Tabatinga (AM), foi palco do evento "Registre-se!", uma iniciativa voltada para a obtenção de documentação civil. Peatagü Ticuna, 60 anos, foi um dos primeiros a chegar à Escola Estadual Almirante Tamandaré, onde estava sendo realizada a ação. Ele buscava, pela primeira vez, obter uma certidão de nascimento.

Com dificuldades na língua portuguesa, Peatagü contou com a ajuda de um tradutor da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) para se comunicar com os atendentes do cartório da Defensoria Pública do Amazonas. O indígena compartilhou que nunca havia sentido a necessidade do documento, pois a família vivia distante dos centros urbanos.

Outro beneficiário da iniciativa foi João Moçambide Nascimento, 24 anos, que também conseguiu a primeira certidão de nascimento no evento em Umariaçu. João explicou que os pais são analfabetos e não compreendiam a importância do registro civil. Após conseguir o documento, ele exclamou: "Agora tudo vai ser diferente". A comunidade de Umariaçu 2 abriga cerca de 7 mil pessoas, na maioria, da etnia ticuna. As atividades econômicas da região incluem a pesca e o cultivo de mandioca, banana e abacaxi. As duas escolas indígenas da comunidade ensinam tanto o português quanto o idioma ticuna.

Apesar disso, um dos grandes desafios do atendimento é a comunicação, pois muitos indígenas não falam o português. Um dos cinco tradutores dispobibilizados pela Funai é Davi Tikuna. "A maioria dos que não falam português são os adultos. As crianças que vão para a escola aprendem lá. Elas já falam tanto a língua materna ticuna quanto o português", explicou o indígena, que mora na comunidade vizinha.