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Governador do Acre é investigado por corrupção

Procuradoria-Geral da República determinou a indisponibilidade de bens do gestor | Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitou por unanimidade a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o governador do Acre, Gladson Cameli. O político enfrenta acusações como organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, peculato e fraude à licitação, todas relacionadas a um suposto esquema de desvio de recursos públicos no estado.

Apesar da decisão, os ministros optaram por não afastar Cameli do cargo. Dessa forma, ele vai permanecer como governador durante o processo. Por outro lado, foi determinada a indisponibilidade dos bens e a manutenção das medidas cautelares contra do gestor.

O suposto esquema investigado envolveu outros 12 indivíduos, entre empresários, servidores e parentes do governador. Um dos contratos sob suspeita foi firmado em 2019, entre o governo do Acre e uma empresa de engenharia do Distrito Federal, a Murano, no valor de R$ 24,3 milhões para serviços de manutenção predial. No entanto, posteriormente foi revelado que a Murano não possuía unidade no Acre e nunca havia executado obras no estado, o que levantou suspeitas sobre a legalidade do contrato.

Em sequência, a Murano estabeleceu uma parceria com a empresa Rio Negro, cujo um dos sócios é Gledson Cameli, irmão do governador. A rio Negro passou então a ser responsável pela execução dos serviços, conforme apontado pelas investigações.

A relatora do caso no STJ, ministra Nancy Andrighi, destacou que a Controladoria-Geral da União (CGU) identificou que o esquema possibilitou uma contratação "indireta" da Rio Negro pelo governo do Acre, configurando uma tentativa de dar uma aparência legal à contratação sem licitação.

Segundo os investigadores, esse esquema foi criado com o intuito de desviar verbas públicas em benefício do governador do Acre e seus familiares. A análise da CGU indicou sobrepreço de mais de R$ 8 milhões e superfaturamento de R$ 2,9 milhões no contrato com a Murano.

As investigações também revelaram que a Rio Negro efetuou pagamentos relacionados a um apartamento em São Paulo, avaliado em mais de R$ 5 milhões, e a um veículo de luxo, que, de acordo com as apurações, também pertenceriam ao governador Cameli.