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AM: seca isola comunidades e atrapalha abastecimento

Com pouco mais de 17 mil habitantes e distante 1.200 km de Manaus, o município de Envira, no sudoeste do Amazonas, enfrenta os primeiros sinais de uma severa estiagem que promete ser a pior dos últimos anos no estado. O fenômeno já impactou diretamente 10 mil pessoas, isolando comunidades, encalhando embarcações e dificultando o abastecimento de insumos na região.

O problema se agrava com a antecipação do período seco em comparação ao ano anterior. Em julho de 2023, o Rio Tarauacá, vital para a região, marcava 8,55 metros; este ano, o nível caiu para 5,26 metros, evidenciando a drástica redução de água. Na foz do Rio Jurupari, a seca já permite atravessar a pé, com a água medindo apenas 1,22 metro, enquanto no mesmo período do ano passado alcançava 6,77 metros.

A Defesa Civil relata que a situação afeta severamente 7 mil moradores na sede do município e mais 3 mil na zona ribeirinha, levando a prefeitura a decretar emergência. A falta de chuvas compromete não apenas a mobilidade, mas também o abastecimento básico, aumentando a vulnerabilidade das populações locais.

O transporte, crucial para a subsistência, está severamente comprometido. Barcos que normalmente levam um dia de Feijó, no Acre, até Envira, agora demandam até 7 dias, devido à baixa do rio. Elvis Melo, barqueiro local, descreve as dificuldades de adaptação às condições adversas, que não apenas aumentam os custos operacionais, mas também comprometem a qualidade dos produtos transportados.

A saúde pública também está em alerta. O deslocamento prolongado de insumos essenciais, como oxigênio, de Feijó até Envira, pode causar escassez crítica em hospitais locais. Maronilton Silva, secretário de saúde municipal, expressa preocupação com a situação dos poços artesianos, que estão secando, ameaçando o abastecimento de água potável.

O governo estadual já decretou estado de emergência em 20 municípios e medidas preventivas estão sendo implementadas para mitigar os impactos da seca, que afeta não apenas o abastecimento, mas também a logística, educação e saúde na região. Com a previsão de agravamento do cenário, autoridades locais e estaduais intensificam esforços para enfrentar a crise em Envira e outras áreas do Amazonas.