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Estiagem ameaça agricultura familiar no AM

Em meio à possibilidade de enfrentarem a maior seca já registrada no Amazonas, especialistas alertam para os impactos devastadores que já assolam a região do alto Rio Solimões. A escassez de chuvas tem prejudicado severamente os agricultores de Benjamin Constant, município localizado a 1.119 quilômetros da capital, Manaus. As plantações de hortaliças e melancia são as mais afetadas, comprometendo a economia local.

Os dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) indicam que o Rio Solimões atingiu a marca de 5,64 metros nesta quarta-feira (17), sofrendo uma redução de 18 centímetros nos últimos dois dias. Em contraste, Benjamin Constant registrou apenas 33,74 mm de chuva nos primeiros 17 dias de julho, muito abaixo da média histórica para o período, que é de 172,72 mm, segundo o The Weather Channel.

A falta de chuvas já altera a paisagem natural próxima às comunidades rurais, causando o surgimento de bancos de areia que dificultam o transporte dos produtos agrícolas até a cidade.

Diante da crise, a prefeitura de Benjamin Constant iniciou medidas preventivas para mitigar os prejuízos à agricultura familiar. O secretário de agricultura, Maurício Veloso, anunciou a antecipação da compra de quase 200 toneladas de produtos dos agricultores afetados, visando reduzir os custos com o escoamento da produção.

Além das ações locais, o Governo do Amazonas declarou situação de emergência em vinte municípios do interior, incluindo sete na região do Alto Solimões. O plano de contingência estadual foca no abastecimento de água potável, insumos médicos, suporte à produção rural e logística para manter serviços essenciais.

Especialistas apontam que as mudanças climáticas têm exacerbado a seca na região Norte, com impactos que se estendem além das fronteiras do Amazonas. Fenômenos como El Niño e, este ano, o esperado La Niña, influenciam significativamente os padrões climáticos da região, afetando também o risco de incêndios no Pantanal, no Centro-Oeste brasileiro.

A situação crítica no Alto Solimões serve como alerta para a necessidade urgente de políticas públicas eficazes e ações coordenadas para enfrentar as mudanças climáticas.