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Assustador! Em Roraima, migrantes são maiores vítimas de tráfico humano

Migrantes da Venezuela chegando por rotas clandestinas no Brasil | Foto: Caíque Rodrigues/G1 RR/Arquivo

Um estudo do Grupo de Estudo Interdisciplinar sobre Fronteiras (Geifron) da Universidade Federal de Roraima (UFRR) aponta que mulheres migrantes representam 41,7% das vítimas de tráfico humano em Roraima, estado brasileiro na fronteira com Guiana e Venezuela. A pesquisa identificou 309 casos desde janeiro de 2022, dos quais 194 envolviam mulheres, sendo 129 migrantes. A maioria dessas vítimas, acompanhadas de filhos pequenos, foi explorada sexualmente entre 2022 e o primeiro semestre de 2024, período abrangido pelo estudo.

O levantamento, baseado em entrevistas com 914 pessoas, destaca a vulnerabilidade de mulheres guianenses e venezuelanas que buscam melhores condições de vida no Brasil. Segundo Márcia Maria de Oliveira, coordenadora da pesquisa, a presença de crianças torna essas mulheres alvos preferenciais de traficantes, devido à necessidade de sustentá-las em situação de extrema vulnerabilidade.

Autoridades federais reconhecem a gravidade do problema, embora o Ministério da Justiça e Segurança Pública não tenha recebido oficialmente os dados da UFRR.

O órgão se prepara para divulgar o Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas e o Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas em 30 de julho.

A Polícia Federal e a Polícia Civil de Roraima enfrentam desafios no combate ao tráfico humano, um crime complexo que muitas vezes é subnotificado. Entre 2021 e junho de 2024, a Polícia Civil registrou cinco casos, incluindo exploração sexual e trabalho escravo.

O tráfico humano também afeta crianças migrantes, como observado na exploração de meninos indígenas venezuelanos por garimpeiros ilegais na Terra Yanomami.

A conexão entre migração e tráfico humano é evidente em Roraima, uma rota crítica devido às fronteiras por onde passam milhares de migrantes venezuelanos.

A pesquisa, integrada ao "Relatório Semestral de Pesquisas sobre Tráfico Humano em Roraima", reúne esforços acadêmicos e institucionais para abordar um dos crimes mais sérios contra os direitos humanos.

Seus resultados serão apresentados no evento "Fazendo Gênero 13 contra o fim do mundo", na Universidade Federal de Santa Catarina.