Moradores de uma residência às margens do Rio Araguari, em Itaubal (AP), tiveram que abandonar suas casas devido ao avanço da erosão provocada pelo fenômeno conhecido como "Terras Caídas". O fenômeno causa deslizamentos de terras em áreas de rios com grandes cargas de sedimentos.
O pesquisador Maamar El-Robrini, da Universidade Federal do Pará (UFPA), explica que os ecossistemas dos deltas de rios são vulneráveis devido ao acúmulo de sedimentos e à ação humana. A interação de processos hidrológicos, marés e eventos extremos contribui para a erosão, com o canal norte do estuário do Amazonas sendo particularmente afetado durante períodos de alta descarga hídrica e marés elevadas.
Em maio, a descarga hídrica do Rio Amazonas pode alcançar 230.000 metros cúbicos por segundo, intensificando as erosões. A salinização, resultado das mudanças no fluxo dos rios e das marés, também acelera o processo erosivo, afetando a qualidade da água e os lençóis freáticos.
Além da erosão, a região enfrenta problemas de assoreamento e salinização, exacerbados pela construção de barragens que alteraram a foz do Rio Araguari. José Cordeiro, agricultor do Arquipélago do Bailique, relatou dificuldades na navegação de embarcações devido ao assoreamento.
Estudos do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) e da UFPA apontam que a salinização e o avanço da erosão são questões emergentes, com impactos significativos na infraestrutura e nas comunidades locais. As pesquisas mais recentes indicam uma taxa de erosão superior a 90% no trecho próximo à foz do canal Norte, destacando a necessidade urgente de monitoramento e estratégias de mitigação para proteger as comunidades vulneráveis.