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Seca no Cerrado afeta rios amazônicos

A falta de chuvas no Cerrado brasileiro está afetando diretamente as cheias dos rios da Amazônia, que enfrenta a perspectiva de seu segundo ano consecutivo de seca severa, conforme indicam as previsões meteorológicas. O fenômeno é um reflexo de um El Niño intenso, que causou graves interrupções na navegação fluvial no ano passado, isolando comunidades e comprometendo o transporte de cargas em hidrovias.

Alice Silva de Castilho, diretora de hidrologia e gestão territorial do Serviço Geológico do Brasil (SGB), informou que a seca deste ano é mais crítica nos rios da margem direita do Amazonas. Esses rios, cujas nascentes estão na região central do Brasil, como os rios Madeira, Tapajós e Xingu, apresentam níveis de água abaixo da média.

O SGB realiza o monitoramento hidrológico desses rios e relatou que a situação é preocupante. A seca no Mato Grosso, maior produtor de grãos do país, resultou na previsão de uma colheita 2 milhões de toneladas abaixo do esperado para a safra 2023/24. A falta de chuvas na região central do Brasil está diretamente ligada à redução nos níveis dos rios amazônicos e à escassez de água que afeta o transporte e a produção na região.

O pesquisador Bruno Ferreira, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), observa que as chuvas na região Norte, esperadas para iniciar em março, só começaram em abril, o que contribuiu para uma maior vulnerabilidade do bioma.

Segundo Ferreira, a falta de chuvas durante o período úmido sugere um período seco mais severo. Além disso, a previsão é de que o fenômeno La Niña, que poderia trazer um aumento na umidade, será de fraca intensidade este ano, não oferecendo alívio significativo para a região amazônica.