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Seca dos rios deve reduzir movimentação dos portos

Com a previsão de mais um ano de seca severa na Amazônia, a movimentação de granéis vegetais nos portos da região deve enfrentar uma redução significativa em 2024. A Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport) já considera a diminuição quase certa devido aos problemas climáticos persistentes.

O presidente da Amport, Flávio Acatauassú, observou que, em 2023, mesmo com as operações em plena capacidade durante o período de cheias, o volume de carga embarcada não atingiu os níveis do ano anterior. Dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) indicam uma queda de 11,5% no volume de milho movimentado no primeiro semestre de 2024, totalizando 3 milhões de toneladas.

No acumulado do primeiro semestre, a movimentação total de granéis vegetais nos portos amazônicos foi de 26 milhões de toneladas, uma leve redução em comparação com os 26,5 milhões de toneladas do mesmo período de 2023. Em 2023, o volume total movimentado ultrapassou 53 milhões de toneladas, marcando um aumento de 19% em relação ao ano anterior.

A região amazônica, que inclui importantes terminais do Arco Norte, tem se consolidado como uma via crucial para o escoamento de grãos do Centro-Oeste do país. No entanto, os rios que sustentam esse transporte, Tapajós e Madeira, estão enfrentando níveis críticos.

A Amport apresentou um plano de dragagem ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) em maio, que visa a manutenção das passagens mais críticas do Tapajós. O edital para a dragagem está previsto para ser lançado ainda em agosto, e a associação espera que as obras possam ser iniciadas até setembro para minimizar os impactos na navegação.

Além das dificuldades na navegação, a falta de chuvas também está afetando a produção de grãos no Norte. A Aprosoja-Pará relatou uma redução na produtividade das lavouras no Estado, com alguns relatos indicando que a produção de milho está muito abaixo do esperado. Em Rondônia, a Aprosoja informou uma queda de 13% na produtividade média da soja na safra 2023/24 e prevê que a safra 2024/25 pode enfrentar condições ainda piores.