O governo de Rondônia publicou um decreto de emergência em resposta ao aumento significativo de incêndios florestais no estado. O decreto, publicado no Diário Oficial do Estado de Rondônia (Diof), é válido por 180 dias e autoriza a atuação dos órgãos estaduais sob a coordenação do Comitê Estadual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (CEPCI). Municípios poderão solicitar e gerenciar recursos para enfrentar as queimadas.
Entre 1º de janeiro e 26 de agosto, Rondônia registrou mais de 5,5 mil focos de incêndio, o maior número em seis anos, embora ainda inferior aos mais de 6,4 mil focos registrados em 2019. A atual temporada de queimadas ocorre durante um período de seca extrema, que está entre os mais severos dos últimos 60 anos, com Porto Velho enfrentando piores índices de qualidade do ar do país.
A fumaça das queimadas se espalhou por 10 estados brasileiros, com origem em áreas protegidas, florestas públicas e fazendas que receberam financiamento rural. A InfoAmazonia, em parceria com o Greenpeace Brasil, sobrevoou áreas com fogo ativo em Rondônia e outras regiões da Amazônia. O levantamento revela a rápida destruição florestal nesta temporada, que está se destacando como uma das piores dos últimos anos. Dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que julho teve o maior registro de focos de calor na Amazônia em 19 anos, e agosto já superou os números de 2023.
No norte de Rondônia, o fogo foi observado em fazendas que receberam crédito rural do Plano Safra, programa federal de financiamento agrícola. A destruição também afeta florestas públicas não destinadas, terras indígenas e unidades de conservação, como a Estação Ecológica Soldado da Borracha, que teve sua proteção anulada por um decreto estadual em 2022.
Outras áreas afetadas incluem o Parque Nacional do Mapinguari e regiões ao redor da BR-319, onde a fumaça obscurece a rodovia. No norte do Mato Grosso, o fogo atinge a Terra Indígena Sararé, onde também foi identificado garimpo ilegal. Dados do Inpe revelam focos de calor ativos em áreas protegidas, como o Parque Estadual do Guajará-Mirim e terras indígenas Karipuna e Uru-Eu-Wau-Wau, todas em Rondônia.