Rio Madeira registra níveis históricos
Em julho, o Rio Madeira atingiu níveis de seca históricos, com o nível da água baixando a 2,45 metros no dia 31, o menor nível já registrado no mês desde o início do monitoramento pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), há 57 anos.
De acordo com o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), o mês de julho teve apenas um dia com precipitação, acumulando apenas 3,4 mm de chuva.
A crise hídrica é atribuída principalmente ao aquecimento anômalo do Oceano Atlântico Norte e ao fenômeno El Niño. Marcus Suassuna, engenheiro hidrólogo e pesquisador em geociências pelo SGB, explica que esses fatores estão atrasando o início da estação chuvosa e enfraquecendo as chuvas iniciais. Como resultado, as cheias de 2024 foram abaixo da média histórica, e a vazão do Rio Madeira está significativamente reduzida.
A falta de água também afeta a geração de energia na região. O Rio Madeira abriga duas das maiores usinas hidrelétricas do Brasil: Jirau e Santo Antônio, que representam cerca de 7% da capacidade de geração do sistema elétrico nacional. A seca está colocando a usina de Santo Antônio em risco de paralisação. Caso o nível da água continue baixo, as turbinas podem ser desligadas para evitar danos. A hidrelétrica de Jirau possui maior flexibilidade para operar durante períodos de seca, mas também enfrenta desafios.
Além dos impactos sobre a geração de energia, a seca tem consequências severas para a população local. Em várias comunidades ao longo do Baixo Madeira, a escassez de água tem levado a dificuldades significativas. A Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) declarou a "situação crítica" de escassez no rio Madeira até 30 de novembro.