Amazonas: seca afeta pesca e navegação
Em julho de 2023, a seca severa na Amazônia deixou o nível do Rio Negro em Iranduba (AM) cerca de dois metros abaixo do normal para a época do ano, impactando a navegação e a principal atividade econômica local, a pesca. A plataforma de madeira que antes permitia o desembarque das embarcações agora está fora de alcance. As famílias da comunidade Santa Helena do Inglês, que dependem da pesca de jaraqui e do cultivo de mandioca, enfrentam dificuldades com a redução do volume de pescado, estimada em uma queda de 50% em comparação com o ano anterior. A preocupação é com a continuidade desse problema, já que o baixo nível do rio pode afetar o ciclo de pesca nos próximos anos.
Em Tefé, na região central do Amazonas, a seca também impactou a pesca do pirarucu, uma espécie protegida cujo manejo é regulamentado pelo Ibama. Dos 12 grupos habilitados para capturar o pirarucu, apenas cinco conseguiram pescar a quantidade permitida, e dois grupos optaram por não pescar devido às condições difíceis. A temporada, que geralmente começa em novembro, teve que ser prorrogada para janeiro, aumentando os custos operacionais e resultando em uma captura abaixo do esperado. A logística de entrega também foi prejudicada, com os pescadores enfrentando dificuldades para acessar os lagos e um aumento significativo no tempo necessário para completar a captura.
A seca aumentou o custo da pesca, forçando alguns grupos a vender o pescado a preços reduzidos. A previsão é de que a seca se prolongue e os pescadores avaliam solicitar uma antecipação na autorização de pesca para mitigar os prejuízos. Para enfrentar a crise, as comunidades estão considerando novas estratégias e ajustes na gestão dos recursos para garantir a sustentabilidade a longo prazo.