Sudoeste da Amazônia lidera emissões de gases
Queimadas e seca intensificam poluição e efeito estufa
Dados recentes do Copernicus, programa de observação da Terra da União Europeia, indicam que o Sudoeste da Amazônia se tornou a maior emissora de gases de efeito estufa no planeta nos últimos cinco dias.
O levantamento foi feito por Lucas Ferrante, doutor em biologia e pesquisador da USP e da Universidade Federal do Amazonas, que baseou sua análise no volume de aerossóis e monóxido de carbono detectado na região. Esses gases, como o dióxido de carbono, são conhecidos por contribuir para o efeito estufa e o aquecimento global.
Ferrante atribui a alta emissão ao avanço do desmatamento e às queimadas. Especialistas alertam que, se a situação persistir, os efeitos podem ser globais e que a atual temporada de queimadas pode ser sazonal. Uma análise prolongada é necessária para identificar tendências mais alarmantes.
Entre 1º de janeiro e 9 de setembro de 2024, a Amazônia registrou mais de 82 mil focos de incêndio, o dobro dos casos em 2023 e quase alcançando o recorde de 85 mil focos de 2007.
As rodovias BR-163, BR-230 (Transamazônica) e Transgarimpeira são especialmente afetadas pelas chamas, que atingem florestas, pastos e residências.
Em Trairão (PA), às margens da BR-163, moradores foram forçados a abandonar suas casas para combater o fogo.
A Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu, enfrenta problemas com grileiros e garimpeiros que iniciaram queimadas para dificultar o trabalho dos fiscais. Agentes do Ibama estão combatendo os incêndios, e a Polícia Federal investiga 19 casos de incêndios criminosos na Amazônia e no Pantana.
Em Novo Progresso (PA), conhecido pelo "Dia do Fogo" de 2019, a situação é considerada a mais grave dos últimos anos. A área queimada na Amazônia aumentou 132% em agosto de 2024 em comparação ao mesmo mês do ano anterior, conforme dados do Monitor do Fogo, do Ipam e da rede MapBiomas.
A proporção de área de vegetação nativa queimada também aumentou de 12% em 2019 para 34% em 2024.
A análise do Monitor do Fogo aponta que agosto é o mês com maior área afetada por queimadas e que o acumulado de incêndios em 2024 aumentou 54% em relação a 2023.