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Cidade isolada no AC sofre com crise hídrica e carestia

O município de Jordão (AC), que não tem acesso terrestre a outras cidades, enfrenta uma grave crise de abastecimento de gás devido à seca extrema. A situação tem feito com que os moradores paguem até R$ 250 por um botijão de 13 kg, uma alta significativa de 56,5% em comparação aos R$ 160 cobrados anteriormente.

A seca severa que atinge a região reduziu drasticamente o nível do Rio Tarauacá, principal rota para o transporte de mercadorias até a cidade. Com isso, o tempo de viagem dos barcos que trazem o gás aumentou de cinco para até 12 dias. Além disso, o preço do frete, que era de R$ 1,00 por quilo, agora chega a R$ 3,00, encarecendo ainda mais o custo do produto.

O rio registrou, em agosto, o menor nível da história, com apenas 64 cm de profundidade, intensificando o isolamento de Jordão, uma cidade de pouco mais de 9 mil habitantes que só pode ser acessada por avião ou barco. A prefeitura local decretou estado de calamidade pública, válido até o dia 19/11, em razão da crise.

Com o agravamento da seca, o governo do Acre, por meio de seu Gabinete de Crise, enviou uma equipe técnica a Jordão para avaliar a situação e definir as próximas medidas de apoio à população.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 44,62% dos habitantes de Jordão são indígenas do povo Huni Kuin, também conhecido como Kaxinawá. A estiagem afeta diretamente as condições de vida dessas comunidades, que dependem do rio para o transporte de insumos e alimentos.

Cenário geral no estado

A seca não afeta apenas Jordão. O Rio Acre, que corta a capital Rio Branco, está com o nível abaixo dos 2 metros há mais de 100 dias, situação inédita nos últimos 50 anos, de acordo com a Defesa Civil do Estado. O governo do Acre declarou estado de emergência devido à seca em 11/6, medida que permanece em vigor até o fim de dezembro.

Em outra cidade isolada, Marechal Thaumaturgo, a 558 km de Rio Branco, a seca no Rio Juruá também trouxe dificuldades de abastecimento, especialmente de produtos alimentícios. A falta de itens básicos e o racionamento de gasolina, que chegou a custar R$ 10,50 por litro, complicaram ainda mais a vida dos moradores.