A morte do papa Francisco, ocorrida na segunda-feira (21) após um acidente vascular cerebral e complicações cardíacas, gerou comoção em diferentes partes do mundo. No Acre, a notícia teve forte impacto entre lideranças indígenas que viram no pontífice um defensor da Amazônia e dos direitos dos povos originários.
O pajé Kate Yuve Yawanawa, conhecido como Pai Nani, relembrou o encontro com o papa em 2023, durante audiência no Vaticano. Na ocasião, ele entregou a oração do Pai Nosso na língua Yawanawá.
A ação simbolizou, segundo ele, o respeito mútuo entre culturas e a importância do reconhecimento das línguas e tradições dos povos da floresta.
Na Aldeia Yawarãni, pôsteres da visita ao Vaticano seguem expostos. A lembrança do encontro com o papa é considerada um marco da aproximação entre a Igreja Católica e os povos indígenas da Amazônia.
Ao longo de seu pontificado, o papa Francisco fez constantes declarações em defesa da Amazônia. O argentino destacou a relevância da união entre os saberes indígenas e a ciência nas mudanças climáticas.
Em conferência realizada em 2024, no Vaticano, tratou da preservação dos recursos naturais e da valorização das comunidades tradicionais.
O papa também abordou o impacto da colonização sobre os povos originários.
Em 2022, no Canadá, pediu perdão pelas ações de cristãos contra essas populações. Para o povo Yawanawá, esse gesto foi interpretado como um reconhecimento importante vindo de um líder religioso com visibilidade internacional.
A Secretária Extraordinária dos Povos Indígenas do Acre, Francisca Arara, destacou a importância de ter representantes em espaços globais. Francisca apontou que o fortalecimento institucional permite que as vozes indígenas sejam ouvidas em debates sobre mudanças climáticas e políticas públicas.
Organizações indígenas também prestaram homenagens. A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) lembrou a realização do Sínodo da Amazônia, em 2019, como marco do compromisso do papa com os povos da floresta.
O evento reuniu lideranças indígenas e religiosos para discutir questões sociais e ambientais da região. Em Rio Branco, o governo do estado decretou luto oficial de sete dias.