Por: Rafael Lima

'É um sentimento que cresce cada dia mais'

Casal de São Roque, no interior de SP, está com a guarda provisória do jovem Léo | Foto: Arquivo Pessoal

Neste Dia Nacional da Adoção, conheça a história de Iracema e José Eduardo

Neste sábado, 25 de maio, é comemorado o Dia Nacional da Adoção com o intuito de conscientização das pessoas a respeito da importância desta iniciativa tão necessária. No país, nos últimos cinco anos, os estados de São Paulo e do Paraná lideraram o ranking nacional.

Conforme os dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), entre 2019 e 2023, mais de 4,3 mil crianças e adolescentes foram adotados em São Paulo. Já no Paraná, mais de 2,4 mil. Porém, sabemos que esta não é a realidade de todo o país e mesmo com números altos, ainda há desafios a serem superados, como mais campanhas e mobilizações, além do combate ao preconceito. Os últimos dados, ainda do ano passado, totalizavam mais de 4 mil crianças e adolescentes aptos à adoção no Brasil.

Diante deste cenário, pode-se afirmar que o processo de adoção não é tão simples e há diferentes etapas até que seja concluído.

Ao jornal Gazeta do Povo, em matéria publicada no ano passado, a juíza Noeli Tavares Reback, dirigente da Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ) do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), explicava que "o que faz uma fila de espera acontecer é o perfil. Se olharmos as estatísticas, a grande maioria dos habilitados busca crianças de 0 a 3 anos ou até 7 anos. Mas quando passa para a adolescência, grupo de irmãos ou crianças com necessidades especiais, drasticamente reduz o número de pessoas com esse perfil".

Ainda segundo o CNJ, mais de 90% dos pretendentes desejam filhos sem deficiência e mais de 60%, optam por aqueles sem nenhum tipo de doença. A juíza, na época, também afirmou que quando se trata de adoção de um bebê, a fila poderia demorar de dois até cinco anos.

Processo

Resumidamente, o processo de adoção acontece por meio de um cadastro prévio, demonstrando o interesse em adotar, através da vara da Infância e Juventude. Depois, um processo é realizado com o Tribunal de Justiça do estado para que documentos sejam apresentados, além de capacitações e avaliações psicológicas e sociais. Após isso, é feito o cadastro e todas as demais etapas.

Foi exatamente assim que o jovem Léo, de 13 anos, entrou na vida de Iracema Andrade, de 59 anos, e José Eduardo, de 56. A família, moradora de São Roque, interior de São Paulo, contou ao Correio da Manhã como foi todo o processo de adoção.

"Há muito tempo, eu pensava em adoção, após tentar ter filhos biológicos e não ter conseguido. Porém, como morávamos em São Paulo e com toda a correria de trabalho, acabamos deixando de lado a ideia por um tempo", iniciou Iracema.

Ela conta que após a sua aposentadoria e sua ida para São Roque, cidade natal de seu marido, voltaram a pensar sobre adoção. "Sempre tive uma convivência muito boa com meus sobrinhos, desde pequenos viajavam comigo e me questionei se ainda daria tempo de realizar este meu sonho". Após diversas conversas, o casal foi até a Vara da Infância e Juventude e fez o cadastro prévio.

"Ficamos preocupados, passamos por entrevistas com psicólogos, assistentes sociais, além de curso online com todos os desafios e alertas para estarmos cientes de tudo. Continuamos com o pé no chão e conscientes", contou Iracema.

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Iracema e José Eduardo passaram por todo o processo de adoção | Foto: Arquivo Pessoal

Ao contrário de muitos casais, os dois optaram por um adolescente ao invés de um recém-nascido, por conta da idade deles. "Temos 59 e 56 anos, queríamos acompanhar o crescimento do nosso filho", acrescentou. Com todo o processo feito, o jovem Léo foi apresentado aos dois e estava disponível e apto para ser adotado. "Começamos com o estágio de convivência, no início era ele e o irmão, que acabou desistindo no meio do processo e o Léo quis continuar, desde o fim de 2022", explicou. 

"Léo é um menino estudioso, obediente, nos ajuda nos afazeres de casa. Temos uma convivência tranquila e claro, como qualquer outro filho na adolescência, temos desafios como pais. Não vejo mais minha família sem ele. Algo importante que sempre falamos é que a adoção é uma via de mão dupla, o sentimento vai crescendo a cada dia, da nossa parte e da dele também. Já percebemos que ele nos olha com carinho e amor. Andamos juntos para que tudo se torne harmônico", finalizou Iracema que, neste ano, comemorou seu segundo Dia das Mães. Já José Eduardo, comemora seu segundo 'Dia dos Pais duplo' neste ano, já que tem outra filha, de seu antigo casamento.

Após o período de aproximação que durou dois meses, Léo está com eles a um ano e cinco meses. Ainda aguardam a adoção de fato que pode sair a qualquer momento, por enquanto estão com a sua guarda provisória.