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Escola pública transforma lixo em energia

Imagina se as sobras do que você come se transformassem magicamente em energia para a sua própria produção de novos alimentos. Sem mágica, esse ciclo é uma realidade no Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) 441 - Mané Garrincha, em Magé (RJ), na Baixada Fluminense. A escola instalou um biodigestor que transforma restos de comida, que iriam para o lixo, em fonte de energia limpa. Com o equipamento, a unidade de ensino pode reaproveitar mais de uma tonelada e meia de resíduos orgânicos durante o ano, para gerar gás de cozinha, o biogás.

Além disso, o mesmo lixo vira um biofertilizante, que é utilizado para irrigar a horta do colégio produzindo a própria merenda dos alunos e impulsionando um ciclo completo de consumo sustentável dentro da comunidade escolar. O biodigestor faz parte do projeto Vamos Dar um Gás, realizado em colaboração com a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ele foi instalado em fevereiro e ligado pela primeira vez em abril.

Professora da Escola Politécnica da UFRJ e coordenadora do projeto, Mônica Pertel disse que a ideia é levar mais sustentabilidade para essa escola que já é exemplo no tema. "Estamos colaborando com o efeito estufa, afastando o resíduo do aterro e transformando em gás que vai para a cozinha, onde é preparada a merenda dos estudantes", explica. "Também é uma forma de você já inserir a pesquisa e aproximar os alunos da universidade e trazer mais sustentabilidade para a escola e para o bairro, porque a ideia é ampliar o projeto saindo do colégio para as casas", completa. Para o diretor-adjunto da unidade, professor Sidney Cardoso, as ações sustentáveis no Ciep Mané Garrincha são desenvolvidas para serem replicadas. "As práticas sempre são pensadas para serem colocadas aqui e reproduzidas em outro lugar. É o que dá sentido a tudo que fazemos. Não é para ficar só para a gente", diz.

Por isso, segundo ele, o aluno é o ator de todo o processo sustentável da escola. "Ele é responsável pelo descarte do próprio lixo, do reaproveitamento desse resíduo, e, no fim, ele colhe os frutos, literalmente, que esse comportamento traz", afirma Cardoso, em referência aos 4.000 pés de hortaliças plantadas em 2023. Neste ano, foram 1.200. Segundo o docente, todo o alimento é consumido pelos estudantes. São os próprios alunos que alimentam o biodigestor diariamente.