Gestora arremata 'Rodovia da Morte', em Minas Gerais
Rodovia foi arrematada, após tentativas frustradas de concessão
A gestora de investimentos 4UM saiu vencedora do leilão do trecho da BR-381 que liga Belo Horizonte a Governador Valadares, em Minas Gerais. O certame, com somente duas concorrentes, marca o fim de uma longa tentativa do governo federal de entregar a estrada à iniciativa privada, que nos últimos anos se mostrou desinteressada na concessão.
Representado pela XP Investimentos, a 4UM ofereceu um desconto de 0,94% sobre a tarifa básica de pedágio. A gestora Opportunity, outra concorrente no leilão, ofereceu 0,10% de deságio e desistiu de ofertar um desconto maior durante o viva-voz, quando os proponentes vão aumentando suas propostas.
A administradora diz ter concluído, em agosto, a estruturação de um fundo de investimento em participações para atuar nos próximos leilões de rodovias.
Entre os cotistas do fundo, estão as famílias Malucelli, Salazar, Federmann e Backheuser, acionistas das empresas MLC, Aterpa, Senpar e Carioca Engenharia.
Conhecida como "Rodovia da Morte" por registrar um alto índice de acidentes, a estrada não recebeu propostas em um leilão que estava marcado para novembro do ano passado e, por isso, o certame foi adiado. Outras tentativas foram feitas em 2021 e 2022 e também fracassaram.
O presidente Lula chegou a dizer, em fevereiro, que usaria o Exército para fazer a duplicação da BR-381 entre a capital mineira e Governador Valadares caso o leilão da pista fracasse novamente.
Em maio, a ANTT aprovou uma nova proposta, na qual o governo assumiu obras, consideradas caras e complexas, de duplicação de um trecho da concessão que vai de Belo Horizonte a Caeté (MG).
Os trabalhos envolvem, sobretudo, desapropriações e reassentamentos de famílias às margens da rodovia na capital mineira, na ligação da via com o Anel Rodoviário. A conservação e a operação serão entregues para a vencedora do leilão.
A concessão, de aproximadamente 300 km de extensão, tem prazo de 30 anos e prevê R$ 5,6 bilhões de investimentos e R$ 3,8 bilhões em custos operacionais para a empresa, segundo o Ministério dos Transportes.
A concessionária também ficará responsável por obras de expansão, como a duplicação de 106,4 km de novos trechos e a construção de mais de 20 passarelas, segundo o Ministério de Transportes.
Por Paulo Ricardo Martins (Folhapress)