SP tenta resolver problema do transporte de órgãos
Em dez anos, quase mil órgãos não foram usados para transplantes
O governador Tarcísio de Freitas lançou o programa TransplantAR Aviação Solidária, que utilizará aeronaves privadas para o transporte gratuito de órgãos destinados a transplantes. A iniciativa pioneira vai beneficiar milhares de pessoas ao dar agilidade na logística de captação de órgãos, ampliando a chance de sucesso na realização dos procedimentos cirúrgicos. A assinatura do termo de parceria com Instituto Brasileiro de Aviação (IBA) não acarretará custos aos cofres públicos e utilizará aeronaves privadas, que frequentemente permanecem paradas em hangares, para realizar os deslocamentos. O IBA será responsável por selecionar os proprietários dos veículos aéreos que estejam dispostos a doar horas de voo para o programa.
Helicópteros, turboélices e jatos particulares autorizados pela ANAC poderão ser utilizados de forma voluntária pelo programa. Essas aeronaves são mais ágeis que os voos comerciais, o que é crucial para o transporte de órgãos como o coração e o pulmão, que precisam ser transplantados em até quatro horas, e o fígado, em até 12 horas após a captação.
Pelo programa, a Central de Transplantes acionará o IBA quando instituições/equipes de transplante precisarem de apoio aéreo para realizarem o deslocamento até o local onde se encontra o potencial doador. A iniciativa visa ampliar a frota de aeronaves solidárias, facilitando o deslocamento de equipes para a captação de órgãos em áreas remotas, reduzindo a perda de órgãos por problemas logísticos. Entre 2013 e 2023, em média 2,4% dos órgãos (coração, pulmão e fígado), ou seja, 965 potenciais transplantes, não foram realizados por dificuldades no transporte.
Em julho deste ano, cerca de 23 mil pessoas aguardavam por um transplante de órgãos em São Paulo. O estado é responsável por 31% de todos os transplantes feitos no país. Somente no primeiro semestre de 2023, foram feitos 5.077 transplantes de coração, fígado, pâncreas, pulmão, rins e córneas.
A Central de Transplantes do Estado de São Paulo registrou, no mesmo ano, um aumento de 5% no volume de transplantes de órgãos e tecidos em relação a 2022. Foram 8.176 e 8.597. Até junho, foram realizados 4.027 transplantes.