Operação conjunta no Rio combate a 'Caixinha do CV'
Objetivo era prender 14 suspeitos de lavagem de dinheiro do tráfico
Por Bruna Fantti (Folhapress)
As polícias Civil e Militar e o Ministério Público realizaram operação no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, nesta quarta (15). O objetivo era prender 14 suspeitos responsáveis pela lavagem de dinheiro do tráfico, incluindo Edgar Alves, o Doca, apontado como um dos principais líderes da quadrilha.
Doze pessoas foram presas, incluindo parentes de traficantes. Três homens, que segundo a polícia eram suspeitos, foram baleados e morreram. Oito fuzis foram apreendidos.
Um policial militar do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) foi baleado e socorrido ao Hospital Estadual Getúlio Vargas. O ferimento teria sido no ombro e seu quadro de saúde era estável. Os mandados foram cumpridos, além do Alemão, na zona oeste da cidade, dentro do Instituto Penal Vicente Piragibe, e em Copacabana, na zona sul. Também havia mandados nos estados da Bahia e da Paraíba.
Policiais militares de 12 batalhões realizaram cerco, principalmente nas comunidades da Grota e Fazendinha, para agentes da Polícia Civil e da promotoria atuarem.
A investigação apontou que a organização criminosa fez lavagem de dinheiro em 4.888 operações financeiras, totalizando R$ 21.521.290,38.
"A denúncia apresentada à Justiça destaca que o esquema financeiro estruturado pelo Comando Vermelho, a 'caixinha do CV', sustenta as atividades criminosas do grupo. O sistema funciona por meio de taxas cobradas mensalmente de líderes de pontos de venda de drogas nas comunidades dominadas pela facção. Em troca, os responsáveis pelas 'bocas de fumo' têm acesso à marca da organização, fornecedores de entorpecentes, suporte logístico e apoio bélico", afirmou em nota a Promotoria.
A polícia apura possível vazamento da operação, já que por volta das 22h de terça (14) mensagens em celulares de quem mora na região do Complexo do Alemão ordenavam a retirada de tampas de bueiro e o espalhamento de óleo nas ruas da comunidade, para dificultar a entrada de policiais.
"[O vazamento] é um desafio com as redes sociais. Mas o setor de inteligência já tem investigações bastante avançadas", disse o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.