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Hospital universitário no RS deixa de receber pacientes

Número de mortos cresce em RS e hospital universitário não recebe mais pacientes | Foto: Divulgação

O Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., localizado em Rio Grande (RS), deixará de receber pacientes, e os atuais serão transferidos de forma gradual, de acordo com a complexidade dos casos. O anúncio foi feito pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) em razão do aumento do nível da Lagoa do Patos, provocado pelos fortes temporais que atingem o estado. Em nota, a Ebserh informou que o hospital está localizado em uma área considerada de risco, próxima à Lagoa dos Patos. Devem ser transferidos primeiramente pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI) adulto, pediátrica e neonatal, com prioridade para os que estão em ventilação mecânica. Em seguida, será a vez de pacientes de alta dependência e, por último, os com maior autonomia.

"Também serão realizadas transferências dos pacientes clínicos para a Associação de Santa Casa do Rio Grande", destacou o comunicado. Ainda de acordo com a Ebserh, a referência de maternidade de alto risco para os municípios gaúchos de Chuí, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e São José do Norte passa a ser o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas e a Santa Casa de Caridade de Bagé.

"Dessa forma, as gestantes de alto risco deverão procurar a unidade de pronto atendimento (UPA) mais próxima de sua residência para encaminhamento ao hospital de referência. Já em relação a risco habitual, as gestantes serão direcionadas à Maternidade do Hospital Santa Casa do Rio Grande, que foi deslocada para o Hospital de Cardiologia", detalhou a nota. Vinculada ao Ministério da Educação, a Ebserh informou ter antecipado a liberação de R$ 18 milhões em recursos destinados ao atendimento de pacientes do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas e do Hospital Universitário de Santa Maria. "A medida faz parte do conjunto de ações do governo federal no Plano de Enfrentamento às Enchentes na Macrorregião Sul."

No Hospital Universitário de Santa Maria, 151 novos funcionários estão sendo convocados para viabilizar a ampliação do atendimento na unidade hospitalar. "A medida permitirá a abertura de dez novos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) coronariana e a criação de seis novos leitos de UTI geral", destaca a empresa.

Chuvas no RS deixam 154 mortos

O número de mortes confirmadas no Rio Grande do Sul subiu para 154 em consequência dos temporais que atingiram o estado desde o fim de abril, conforme boletim divulgado pela Defesa Civil nesta sexta-feira (17). Neste momento, 98 pessoas continuam desaparecidas e há 806 feridos. O número de pessoas fora das próprias residências devido às cheias dos rios já ultrapassou 618,3 mil, sendo 540.192 desalojados, que são aqueles que tiveram de sair de seus lares e estão acolhidos em casas de familiares, amigos ou conhecidos. O restante, de acordo com o monitoramento atualizado diariamente pela Secretaria de Desenvolvimento Social do Rio Grande do Sul (78.165 pessoas), vive temporariamente em um dos mais de 875 abrigos cadastrados no estado.

O número de atingidos também aumentou para 2.281.830 de pessoas, ou 20,95% dos 10,88 milhões de habitantes do estado. Até o momento, 82.666 pessoas foram resgatadas por helicópteros, agentes de segurança e barcos oficiais ou de voluntários. O boletim da Defesa Civil contabiliza ainda o resgate de 12.108 animais silvestres e domésticos, que foram salvos. As chuvas afetaram nove em cada dez municípios gaúchos. De acordo com o último boletim, 92,75% (461) dos 497 municípios do Rio Grande do Sul tiveram suas rotinas impactadas pelos eventos climáticos.

Alerta para importância da vacina

Os brasileiros de modo geral e os moradores do Rio Grande do Sul, em especial, devem estar atentos para se vacinar contra a Influenza A (vírus da gripe), bem como usar máscaras adequadas (N95, KN95, PFF2) quando forem a uma unidade de saúde. O uso de máscaras é indicado também para quem estiver com sintomas de infecção respiratória. O alerta foi dado pelo pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marcelo Gomes, também coordenador do InfoGripe. Marcelo Gomes destacou que a vacina e os cuidados são fundamentais na medida em que os quadros respiratórios podem se agravar com a queda das temperaturas no estado gaúcho e a situação de vulnerabilidade da população. O pesquisador lembrou que o Rio Grande do Sul já vinha registrando, nas últimas semanas epidemiológicas, aumento das internações por infecções respiratórias, especialmente influenza A e vírus sincicial respiratório (VSR).

"Com muitas pessoas em abrigos, vivendo em condições bastante particulares, é importante a gente conscientizar especialmente sobre o uso de máscaras para quem está com sintomas", avalia o pesquisador. Marcelo Gomes sugeriu também implementar algum nível de distanciamento dos infectados e dos sintomáticos nos locais em isso for possível, para ajudar a reduzir a propagação de vírus respiratórios nesses locais. Segundo ele, a queda das temperaturas cria uma situação muito propícia para a propagação desses vírus. "Diante desse cenário, é óbvio e fundamental que o grupo de risco esteja em dia com as vacinas contra a gripe e contra a covid-19", disse o pesquisador. Gomes reforçou ainda a importância da vacinação também contra o tétano e a hepatite, doenças comuns durante desastres climáticos como o enfrentado pelos gaúchos.