Por:

Quem tem ministros como os de Bolsonaro não precisa de inimigos

| Foto: Foto: Agência Brasil

Quem tem ministros como os de Bolsonaro não precisa de inimigos

Por Rodrigo Bethlem*

Impressionante como alguns ministros do presidente Bolsonaro tomam atitudes inexplicáveis do ponto de vista político que não ajudam a melhorar a imagem do governo, em pleno processo de reeleição.

Vamos começar falando do ministro da Economia, Paulo Guedes. Carioca, deveria ser o primeiro a querer ajudar o Rio de Janeiro, que também é a terra natal do presidente. Mas, o que se vê, até agora, é uma profunda má vontade do seu ministério para a assinatura no novo acordo de Recuperação Fiscal.

Isso, mesmo depois de todos os sacrifícios e a exitosa concessão do saneamento. Algo inexplicável. Vão argumentar com nuances técnicas que deveriam ficar em segundo plano, até porque a dívida do estado é impagável como está . E eles sabem disso.

Outro ministro, carioca também, por incrível que pareça, é o da Infraestrutura, Tarcísio Freitas . Apesar da unânime opinião do setor produtivo do Rio, contrária à desastrosa concessão do aeroporto Santos Dumont, que irá esvaziar ainda mais, o já esvaziado Galeão, ele insiste com o modelo proposto, conseguindo uma unanimidade contrária ao governo neste tema e gerando enorme desgaste ao presidente.

Nos termos que está, a concessão permitirá a ampliação dos terminais do Santos Dumont, que tem localização privilegiada. O local também poderia operar de madrugada e com aviões maiores, mesmo com pistas menores. Esses investimentos, certamente, vão inviabilizar a operação do aeroporto internacional do Galeão como "hub" internacional, para a logística de cargas no estado e como gerador de 17 mil empregos diretos e indiretos. Será uma "concorrência predatória" entre os dois aeroportos da cidade.

Para piorar, nenhuma grande obra está em curso na pasta de infraestrutura no estado. A subida para Petrópolis (BR040) é um exemplo da falta de prioridade do ministro. Pagamos pedágio para uma via inacabada, em péssimo estado de conservação. Sei que não é um assunto simples. Mas lá se vão três anos para solucioná- lo.

Faço essas constatações com muita tristeza. Minha torcida é para que estas e outras questões se ajustem e o Rio de Janeiro possa seguir um caminho virtuoso.

*Ex-deputado e consultor político