Quando vejo o ex-ministro da Economia e ex-presidente do Banco Central durante os oito anos do governo Lula, Henrique Meirelles, e tantas outras cabeças coroadas da Economia, que sempre tiveram posições mais liberais, surpresos com o recente discurso do presidente eleito, fico me perguntando de onde essa turma vem.
Lula fez críticas ao teto de gastos, que estabelece um limite para despesas públicas, na quinta-feira (10), durante um discurso no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília para a equipe que cuida da transição de governo.
Parece que o mercado financeiro, às vezes, gosta de ser iludido. Só pode ser isso. O Lula passou a campanha inteira dizendo que não gostaria de continuar com o teto de gastos, que não acha essencial e que não buscaria alternativas.
Deixou claro que mudaria a política de preços da Petrobras e que faria uma intervenção branca na empresa para retomar projetos que ele considera estratégicos e que, vale ressaltar, já vimos o que deu no passado.
Na campanha, a relevância do ex-ministro Aloizio Mercadante, da presidente do PT Gleisi Hoffmann e de tantos outros personagens das antigas que, inclusive, foram figuras proeminentes do governo da Dilma, já demonstrava que o protagonista do novo mandato seria, mais uma vez, o PT e não o governo de uma frente, como se propagava.
Vejam agora que até o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, operador do desastre econômico que foi o governo da Dilma, foi ressuscitado e foi parar na transição. Mantega está inabilitado pelo TCU a assumir qualquer cargo público até o dia 25 de fevereiro de 2030, quando terá 81 anos de idade.
Ele tem uma condenação e não pode assumir um cargo público, mas está lá dando pitaco no que vai ser o modelo econômico do governo Lula.
Agora, nos resta torcer para que o novo Congresso tenha condições de ser um equilíbrio nos desatinos que podem vir a aparecer por conta dessas figuras, que já sabemos o que pensam sobre como deve ser o modelo econômico brasileiro.
E, aproveitando que estamos falando do novo Congresso, espero que tome atitudes concretas nessa usurpação de poder dos Supremos, que calam e censuram parlamentares e, por incrível que pareça, sem nenhuma atitude do presidente do Casa. É muito surpreendente um poder ultrapassar os limites da Constituição, calar membros de outro poder e o presidente deste poder não se manifestar.
Vivemos tempos sombrios e difíceis.
*Ex-deputado e consultor político
