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Dá para confiar nas pesquisas?

A eleição para prefeito é só no ano que vem, mas já começaram as movimentações dos políticos em busca dos seus pré-candidatos, posicionamentos dos partidos, alianças... E os institutos já partem para fazer pesquisas, o que, muitas vezes, dá uma impressão equivocada para quem não sabe ler os resultados por dentro.

A pesquisa quantitativa, que mede a vontade ou a rejeição de eleitor por um ou outro candidato, a preferência por um ou outro tema e outras questões de forma quantitativa, quando feita há mais de um ano e meio da eleição, pode gerar enormes distorções.

Candidatos mais conhecidos tendem a aparecer na frente enquanto os desconhecidos ficam atrás, o que não significa que esse será o resultado da eleição lá na frente.

O mais importante de uma pesquisa feita um ano antes da eleição é saber ler por dentro e atentar para os dados que são significativos. Por exemplo, na pesquisa divulgada nesta terça (07/03) pelo Paraná Pesquisas para a prefeitura do Rio, na menção dita espontânea, ou seja, quando não é apresentada nenhuma cartela e as pessoas citam espontaneamente qual será o seu possível candidato no próximo pleito, 71% dos entrevistados, que representam uma enorme quantidade de pessoas, responderam não saber em quem vão votar em 2024.

Na mesma pesquisa, o atual prefeito, que é 100% conhecido da população, na espontânea, aparece em torno de 12% das menções. Diminui bastante o número de intenção de voto porque, obviamente, com a apresentação de uma cartela, ele tem maior preferência do que os outros, que são bastante desconhecidos.

Na pesquisa estimulada, ele aparece de 35.5% a 37,2% das intenções de voto.

No mesmo período, em 2021, aproximadamente um ano e meio antes da eleição para presidente, Bolsonaro tinha 24% na espontânea e Lula marcava 21%.

Ou seja, já demonstrava naquela época que o eleitor estava muito decidido a uma polarização, fato que não aparece nessa pesquisa divulgada hoje.

Há muitas questões que ainda vão evoluir no ano que vem para se ter uma análise mais concreta do quadro eleitoral de 2024. Uma série de variáveis vão influenciar na composição.

O PT vai apoiar o atual prefeito Eduardo Paes ou vai lançar candidato? Quem será o candidato do bolsonarismo no Rio? Sendo o Dr. Luizinho, secretário de Saúde, candidato do governador Cláudio Castro, o bolsonarismo o apoiará?

A verdade é que Eduardo Paes terá um desafio enorme em obter o quarto mandato como prefeito do Rio em uma cidade onde os cariocas costumam cansar rapidamente os seus políticos.

Como dizia o ex-prefeito Cesar Maia, dificilmente um líder político fica mais do que 12 anos à frente da política no Rio de Janeiro. Costuma ser o mal chamado "fadiga de material" que os políticos sofrem por aqui, ao contrário de outros estados onde o mesmo grupo político governa por várias décadas.

*Ex-deputado e

consultor político

 

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