Por: Cláudio Magnavita*

Coluna Magnavita: Cappelli ganha protagonismo no retorno à sua base eleitoral

Da esquerda para a direita: Ricardo Cappelli, do Ministério da Justiça; o governador Cláudio Castro; e os secretários José Torres (Polícia Civil) e coronel Henrique Pires (Polícia Militar) | Foto: Rafael Campos/ Governo do Rio

Secretário-executivo do Ministério da Justiça já foi candidato a deputado e vereador no Rio

Podem fazer as suas apostas. A eleição de 2026 e, quiçá, a de 2024 terá um novo personagem. Aliás, não tão novo assim, já que foi candidato no Rio a deputado estadual em 2002, com 20.208 votos, e a vereador em 2008, com 9.146 votos. É só acompanhar a intensa agenda midiática de Ricardo Cappelli, atual secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, para sentir os sinais eleitorais no ar.

Enquanto a agenda da Bahia tem como figura principal o ministro da Justiça, a do Rio foi jogada no colo de Cappelli. Jornalista de formação e pós-graduado em Administração Pública pela FGV, ele esteve em todas as brechas televisivas possíveis na tragédia da execução dos três médicos. Madrugou no estúdio da GloboNews ao vivo, seguiu a uma maratona de entrevistas e virou a figura midiática central da presença federal na solução do problema.

Foi ele quem costurou o acordo do apoio federal ao Governo do Rio e a reunião de Flávio Dino  com o Governador Cláudio Castro, na segunda, 3 de outubro, atropelado pela interferência do Ministério Público Federal.

Ricardo, que é parente afastado do jornalista político Paulo Cappelli, fazia parte do núcleo duro do PCdoB que comandava o Ministério do Esporte, na gestão do ex-ministro Orlando Silva, migrou para o PSB junto como o então governador do Maranhão, Flávio Dino, onde foi, no primeiro governo, chefe da representação em Brasília e, no segundo, Secretário de Comunicação Social. Esta imersão maranhense o afastou da ribalta carioca.

Logo após deixar a presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE), que comandou no biênio de 1997 a 1999, foi candidato a deputado estadual, mas, mesmo com mais de 20 mil votos, não conseguiu uma cadeira na Alerj.  Neste intervalo, entre a UNE e a candidatura, participou do primeiro governo de Sérgio Cabral, como Coordenador Especial de Políticas Públicas para Juventude, com status de subsecretário.

Decolou para Brasília, após ficar na suplência, acomodado pelo PCdoB, como Diretor de Esporte Universitário do Ministério do Esporte, entre 2003 e 2005, quando mergulhou, novamente, na política fluminense. Foi convidado pelo seu fraterno amigo e ex-presidente da UNE, Lindbergh Farias, então Prefeito de Nova Iguaçu, para ser Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social, de 2005 a 2008. Como ele destaca no seu currículo, a sua "secretaria foi responsável pelas áreas de Assistência Social, Indústria e Comércio, Trabalho, Ciência e Tecnologia, Agricultura e Terceira Idade, coordenando a implantação de 26 programas federais".

Para uma velha raposa da política fluminense, a atuação e o protagonismo de Ricardo Cappelli na solução da questão da segurança do Rio vai carimbar o seu passaporte para voos maiores nas próximas eleições. A aposta é em uma vaga na majoritária, especialmente no Senado. Ele foi o grande articulador de Flávio Dino ao Senado e o PSB está fora das coligações com o PT.

O que reforça a tese do investimento do partido em Cappelli foi o último horário gratuito da legenda nas televisões. O já secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública foi uma das estrelas.  Hoje, o político, que volta às suas bases políticas como protagonista, é um fato novo no cenário eleitoral do estado do Rio. Se ele for rápido na solução e sair como herói, pode até disputar a eleição de 2024 para prefeito. Será ungido pela mídia que, por formação e experiência em uma Secom, sabe administrar.

Como Cappelli foi o interventor de segurança em Brasília, há leitura de, outra experiente raposa política nacional, que levanta a hipótese de que ele pode ser candidato ao governo do Distrito Federal.

*Diretor de Redação do Correio da Manhã

 

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