Instruções para evitar o inevitável
No ano passado, após as tragédias das chuvas em Petrópolis e Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, e em São Sebastião, no estado de São Paulo, discutiu-se os alertas de chuva emitidos e as ações de resposta das prefeituras e governos estaduais, sempre com o intuito de procurar um culpado para toda aquela desgraça que assolou a população. Os meses passaram, e o culpado não foi nomeado. A culpa caiu na conta das mudanças climáticas. O que não está errado, mas a culpa é só da força da natureza?
Na última semana, uma chuva forte na cidade de Três Rios, no interior do Rio, foi suficiente para que o município decretasse situação de emergência. Antes mesmo do verão, as cidades estão esgotando sua capacidade de resposta a eventos climáticos extremos ou não. E a culpa continuará caindo somente na conta da força da natureza?
Se as mudanças climáticas são inevitáveis, a capacidade de resposta das cidades e estados deve acompanhar esse novo cenário. Não dá para continuar lamentando as perdas e esperando que o governo federal envie recursos em um intervalo entre um estado de calamidade pública e outro. Não é possível pedir que a população seja resiliente se ela está desamparada.
O período chuvoso é daqui a dois meses e nos preocupa a forma como as cidades estão lidando com isso. A maioria ainda não apresentou o Plano Verão, que dada as mudanças e aos episódios de chuva forte nas últimas semanas, já deveria estar na mão da população. Não dá para esperar um resultado positivo em uma prova se as instruções são dadas na véspera.