Por: Dra. Flávia Rabello de Mattos*

Implantes dentários, forma de resgate da autoestima

No Brasil, cerca de 34 milhões de adultos (acima dos 18 anos) já perderam 13 ou mais dentes. Outros 14 milhões vivem sem nenhum, após perdas ao longo da vida. Esses dados, da Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE, de 2020, contrastam com o fato de o país ser um dos que tem o maior número de dentistas por habitantes no mundo. Além da influência dos níveis socioeconômicos, educacionais e de renda, as perdas dentárias também aumentam ao longo da vida pelos efeitos cumulativos de doenças bucais. Com isso, percebemos que o aumento da expectativa de vida também tem impactado nas taxas de edentulismo (perda total ou parcial dos dentes) e de necessidade de próteses para a população.

Pesquisas recentes demonstram que os agravos das doenças bucais são cárie dentária, condição periodontal com sangramento, secreção, edema, desequilíbrio da flora bacteriana oral, mau hálito, oclusão dentária desequilibrada (causada por ansiedade, apertamento dentário e bruxismo, como o ranger dos dentes somado a dores musculares na face e no pescoço), uso e necessidade de prótese não adaptadas, fluorose e traumatismo dentário. Todos esses fatores, isolados ou combinados, implicam no impacto da saúde bucal, na qualidade de vida e na autoestima.

O crescimento e a popularização dos implantes — que são opção para o uso de dentaduras, quando ocorre a perda de um ou mais dentes — se deve à evolução dos materiais e técnicas utilizadas. Algumas dessas técnicas conseguem garantir menos tempo de tratamento e maior conforto aos pacientes.

O último relatório de mercado produzido pela Research and Market mostra que o mercado de implantes dentários em alguns países das Américas, abrangendo Argentina, Brasil, Canadá, Estados Unidos e México, deve alcançar US$ 3, 4 milhões em receitas neste ano. Em 2022, segundo a empresa de pesquisas, o mercado movimentou US$ 3,2 milhões. Até 2030, estima-se um crescimento anual composto (CAGR) de quase 9%, com um montante que deverá chegar a US$ 6 milhões.

Os implantes dentários são artefatos modernamente confeccionados em titânio, que podem ser introduzidos a pressão ou rosqueados dentro do osso dos maxilares, tanto no superior como no inferior, dependendo de onde foi perdido o dente natural. O objetivo é suportar a prótese dental, repondo o elemento perdido. Quanto antes forem colocados os implantes em função da reabsorção natural do osso que sustentava os dentes, maiores poderão ser o comprimento e o diâmetro desses implantes, proporcionando melhores condições para uma adequada reabilitação oral, tanto funcional quanto estética.

O implante dentário é hoje, após décadas de estudos e pesquisas, um dos maiores avanços da Odontologia nos tempos recentes, dando esperança a quem já não pensava mais em ter um sorriso completo e dentes perfeitos. Sempre que possível, a colocação de implante dentário imediato, após a extração dentária deve ser indicada, pois assim se estará preservando a estrutura óssea, em osso vivo ordenado e sadio, mantendo a arquitetura gengival (formato) e devolvendo função e estética, além de reabilitar o paciente mais rapidamente, respeitando os meios corretos e o percentual de segurança para manter a osseointegracao.

Dessa forma, os tratamentos dentários devem ser bem executados, buscando a longevidade e visualizando o ser humano como um todo. A Odontologia não pode enxergar somente a boca.

*Cirurgiã-dentista. Primeira doutora em implantodontia do estado do Rio de Janeiro. Colunista da Rádio Tupi. Instagram: @draflaviarabellodemattos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.